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Antes do Diesel, a falta dos medicamentos já afeta o mercado do Vale do Aço

Drogarias e farmácias no Vale do Aço enfrentam desafios que vão do enfrentamento das grandes redes ao desabastecimento de medicamentos essenciais.

No fim de abril, representantes da indústria farmacêutica afirmaram que o risco de desabastecimento, que já ameaçava a dipirona injetável para tratamento hospitalar, poderia se espalhar sobre outros medicamentos. Tal fato, sinalizava que o auto custo de matérias-primas inviabilizavam a produção de alguns medicamentos.

No Vale do Aço, mesmo após o aumento dos preços dos medicamentos concedido em março pelo governo, o problema do desabastecimento não foi mitigado. Negócios Já! conversou com empresários do ramo farmacêutico sobre como o mercado do Vale do Aço tem sido impactado e o que isso afetou os resultados de cada um.

Para Uebson de Souza Candal, O “Hebinho” que dá nome à Drogaria, com lojas no Centro, Jardim Panorama, Canaã, Bethania, Cidade Nobre e Iguaçu, antibióticos clássicos como Amoxicilina, Ampicilina, Cloxacilina estão em falta no mercado. “Esse desabastecimento chegou primeiro aos hospitais, unidades de saúde e, há algum tempo, nas farmácias e drogarias. E não se resume a antibióticos! A Dipirona, analgésico muito popular entre os consumidores, invariavelmente falta nas prateleiras”, explica Cantal.

Sindusfarma refuta

Todavia, diferente do que ocorre em hospitais, a dipirona vendida para o consumidor final nas farmácias não registrou problema de produção, segundo o Sindusfarma (sindicato da indústria). Isso porque essa categoria de medicamento, isento de prescrição médica, é livre do controle de preços, ou seja, a própria indústria é quem define o valor cobrado, segundo Nelson Mussolini, presidente da entidade.

Oscilação no volume de vendas 

Se por um lado os pacientes se voltam aos consultórios médicos para solicitarem alternativas às faltas dos medicamentos prescritos, por outro os empresários veem o volume de vendas ficar comprometidos. “Observamos que, desde então, o alcance de 100% das metas de vendas passaram a oscilar”, explica o empresário.

Engajamento da classe médica

Essa situação tem contado até com o engajamento dos médicos. Hebinho relata que há contato direto dos consultórios com o balcão das farmácias para verificarem o que há em estoque para que possam prescrever alternativas aos que, inicialmente, entendiam que seriam mais eficaz para o tratamento do paciente.

Pandemia

Prateleiras reservadas para antibióticos apresentam lacunas. São a categoria de medicamentos mais em falta nas farmácias do vale.

A falta de medicamentos também se atribui a pandemia de Covid-19. A quebra de cadeias produtivas já na fase aguda em 2020/2021 impactava todos os segmentos da economia. Mais recentemente, o lockdown severo imposto pelo governo chinês às diversas províncias traz- para si mais holofotes. “Da mesma forma que falta semicondutores para a indústria automobilística pode faltar componentes sobressalentes dos equipamentos de laboratórios. Pode, também, faltar insumos sintéticos que também dependem de outras cadeias produtivas”, observa o farmacista.

Estratégia de distribuidores e laboratórios

Juliana Lana, da Drogaria Big Vale “oportunismo mercadológico”.

Para Juliana Lana, da rede de Drogarias Big Vale, com lojas em Cachoeira Escura, Bom Jardim e Amaro Lanari, houve, de forma mais acentuada, um desabastecimento de alguns medicamentos (e marcas) no fim do ano passado. Contudo, a visão é de que possa se caracterizar como oportunismo mercadológico que visa a elevação do patamar de preços de alguns medicamentos em ação coordenada de Laboratórios e Distribuidores. “Medicamentos que adquiríamos por “R$X” desapareciam e, quando retornavam, eram oferecidos por 6 vezes mais do valor anterior. A partir daí, os valores se mantem e não retornam aos patamares anteriores. A gente acaba comprando para atender ao nosso cliente”, observa a empresária.

Guerra da Rússia x Ucrânia, desabastecimento do diesel…

Não se pode atribuir, especificamente, ao conflito no leste europeu qualquer origem dos problemas de desabastecimento verificados aqui no Brasil. Contudo, indiretamente, os estoques mundiais de Diesel podem trazer à tona a famosa frase “nada que não esteja tão ruim que não possa ser piorado”, pois potencializará as crise de desabastecimento de medicamentos.

Correndo risco de ver o País com falta de diesel e inviabilizar diversos setores sensíveis da economia, como o de fretes, o governo pode adotar um plano de racionamento emergencial do combustível. A ideia de um racionamento surgiu após reunião de Conselheiros da Petrobras para debater um eventual desabastecimento. Segundo o portal Metrópoles, foi enviado um comunicado ao governo, indicando que o mercado global de óleo diesel poderá ficar ainda mais pressionado nos próximos meses.

Revisão da política de Preços

Segundo a Folha de S. Paulo, em matéria publicada no fim de abril, os laboratórios defendem uma revisão na política de preços, hoje regulados pela  que impõe teto ao valor dos produtos.

Para Reginaldo Arcuri, presidente da FarmaBrasil (associação do setor), a defasagem nos preços atinge especialmente os medicamentos mais antigos, que carregam distorções de muitos anos. O cenário todo, segundo ele, também inibe investimentos em inovações.” A liberação dos preços favoreceria uma queda natural dos valores guiada pela própria concorrência” justifica o presidente.

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