Estudos incluem o desenvolvimento de planta de briquete, que alimentará planta de redução direta para a produção de HBI, como forma de reduzir as emissões da siderurgia integrada.
A Vale e o Porto do Açu assinaram um Memorando de Entendimento (MoU) para estudar o desenvolvimento de um Mega Hub no porto, localizado na região norte do Estado do Rio de Janeiro, para fabricação de HBI (“hot briquetted iron” ou ferro-esponja). O complexo industrial deverá receber em um primeiro momento pelotas da Vale e poderá incluir uma planta de briquete de minério de ferro, para alimentar a planta de HBI, matéria-prima essencial para o processo de descarbonização da cadeia siderúrgica brasileira e internacional.
A iniciativa é pioneira ao contemplar um estudo técnico coordenado pelo Porto do Açu e acadêmicos do setor, que propõem a utilização de HBI como carga parcial nos alto-fornos, o que reduz a emissão de gases de efeito estufa e aumenta a produtividade do processo siderúrgico sem a necessidade de substituição dos ativos produtivos existentes, como os próprios alto-fornos e as aciarias. Hoje, o HBI é mais comumente empregado nos fornos elétricos a arco, mas a maior parte das siderúrgicas brasileiras utiliza alto-fornos. O uso do HBI nesse tipo de forno permitirá ao parque siderúrgico brasileiro uma transição mais suave no processo de descarbonização.
Segundo o acordo, a Vale estudará alternativas de fornecimento de aglomerado de minério de ferro, como pelotas ou briquetes. Com esse compromisso firmado, as empresas buscarão atrair investidores e clientes que construam e operem a planta de HBI.
O projeto prevê a produção de HBI com uso de gás natural, que estará disponível no Porto do Açu, e a possibilidade de convertê-la no futuro para hidrogênio verde, produzindo HBI com emissão de carbono próxima a zero.
O acordo com o Porto do Açu é mais um passo da Vale para desenvolver no Brasil o modelo dos Mega Hubs, complexos industriais voltados à fabricação de produtos siderúrgicos de baixo carbono, que está sendo implantado pela empresa em três países do Oriente Médio (Arábia Saudita, Emirados Árabes e Omã).
“Acreditamos que o Brasil tem um grande potencial para ser um polo da siderurgia de baixo carbono. Temos minério de ferro de alta qualidade, reservas de gás natural abundantes e potencial para desenvolver o hidrogênio verde. Como uma empresa brasileira, a Vale busca se associar a empreendimentos que contribuam nessa direção. Queremos ser indutores da “neo-industrialização” do Brasil, que será baseada na indústria verde”, afirma o vice-presidente executivo de Soluções de Minério de Ferro, Marcello Spinelli.
“A assinatura desta parceria demonstra todo o potencial de industrialização do Porto do Açu, confirmando sua vocação como o porto da transição energética no Brasil. Nós acreditamos que o Porto do Açu, com sua infraestrutura portuária única no país, localização estratégica e potencial para os preços mais competitivos do gás natural brasileiro, reúne características únicas para, em conjunto com a Vale, contribuir com a descarbonização da indústria siderúrgica doméstica e internacional”, afirma José Firmo, CEO do Porto do Açu.
O uso de HBI nos alto-fornos pode diminuir as emissões de gases de efeito estufa em cerca de 25%, com reduções potenciais ainda maiores ao longo da cadeia, o que colocaria a indústria em linha com os objetivos de redução de emissões até 2030. Tendo o Porto do Açu como porta de entrada de projetos de industrialização carbono zero, todas as condições e análises apontam para que o país se transforme em um grande produtor de HBI, suprindo siderúrgicas em todo o mundo”, projeta Albano Vieira, consultor para temas de Siderurgia e Mineração da Prumo, holding que desenvolve o Porto do Açu.