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A Tragédia do Tigre: O declínio de um gigante do interior

É com profunda decepção que acompanhei, ainda que de longe, mais um trágico desfecho do Ipatinga Futebol Clube, uma agremiação esportiva, agora SAF, que já foi sinônimo de glória mas que se afundou nas profundezas sombrias da segunda divisão do campeonato mineiro. Essa nova queda é a confirmação dolorosa de um destino há muito anunciada. Nesta segunda-feira, em GV City, vimos mais um capítulo marcante dessa história turbulenta em que o Tigre dançou no fio da navalha entre a glória e, a inevitável queda.

Anos se passaram, e o enredo se tornou previsível como um filme de terror que se repete anualmente. Preparação intensa, amistosos desanimadores, estreia no campeonato com derrotas, demissões de técnicos em série e a luta desesperada para evitar o abismo da queda. A saga do Ipatinga Futebol Clube é como uma montanha-russa emocional, uma sucessão de altos e baixos que deixaria até mesmo o mais experiente dos torcedores tonto de tanto girar entre a esperança e o desespero.

É bom recordar dos dias áureos do Tigre, quando surgiu nos finais dos anos 90, ascendendo da terceira para a primeira divisão do Mineiro. Momentos gloriosos se seguiram: o título em 2005, o vice em 2006, a épica semifinal da Copa do Brasil em 2006 e até mesmo aqueles breves 10 minutos de glória de título da Série B do Brasileirão de 2007, quando o rugido do Tigre foi ouvido na elite do futebol nacional.

Quem – da velha guarda da crônica esportiva como eu – não se lembra também do embate épico contra o Brasiliense na Série C de 2002, quando o Ipatingão estava abarrotado de torcedores, e até mesmo os deuses do futebol pareciam maravilhados com o espetáculo sob a batuta do badalado árbitro Paulo César de Oliveira? Aqueles eram dias de grandeza, quando cada jogo era uma batalha emocionante.

O ano de 2005, marcado pela glória no campeonato mineiro, se tornou uma cicatriz na história do Tigre, pois mesmo com o Ipatingão transbordando de expectativas, viu-se o sonho de chegar à Série B escapar entre os dedos, em um empate frustrante contra o América de Natal. A história se repetiu nas temporadas seguintes, com tropeços na Série A em 2008 e uma escapada miraculosa na Série B em 2009.

Mas o destino cruel parecia querer reservar reviravoltas ainda mais amargas. No turbilhão de 2010, o Tigre mergulhou nas profundezas da Série B, acumulando vexames e derrotas que culminaram em sua queda para a Série C. Foi um período de provações, de enfrentar adversidades e lidar com as consequências de um futebol inconsistente e desanimador.

No entanto, como uma fênix renascendo das cinzas, o Ipatinga encontrou forças para ressurgir em 2011. Lutou com unhas e dentes, enfrentou gigantes como a Chapecoense, revertendo placares desfavoráveis e provando que o espírito combativo ainda ardia dentro de suas cores. Mas foi apenas um breve vislumbre de esperança, um breve brilho em meio às trevas que se aproximavam.

O ano de 2012 marcou o início da epopeia da derrocada, com quedas vertiginosas não apenas na tabela do Mineiro, mas também no cenário nacional. A mudança para Betim trouxe consigo o peso das expectativas não correspondidas, o quase retorno à Série B apenas acentuando a agonia de uma trajetória que se desfazia diante dos olhos dos torcedores fiéis.

E então, o fatídico ano de 2013, quando a tragédia atingiu seu ápice. Uma dívida pendente do Ipatinga jogou o Betim no abismo do desqualificado, eliminado da competição por questões burocráticas que ecoavam como um golpe final, uma sentença de morte para as aspirações do Tigre.

E então, ano após ano, o roteiro se repetiu como um filme de terror previsível, com enredos cansativos de pré-temporada intensa, amistosos desalentadores, e uma temporada de competições onde o Tigre mais sobrevivia do que competia.

E agora, o último ato desse drama desolador se desenrolou como uma cena de terror de “A Bruxa de Blair”, com uma queda vergonhosa, uma derrota acachapante que não deixou espaço nem para as lágrimas dos derrotados buscarem consolo no tapetão dos tribunais desportivos.

Quando o Tigre então será aquilo que já foi um dia? Quando terá uma liderança sólida, um plano consistente para restaurar sua glória perdida? As respostas estão obscurecidas pela névoa do desespero. Mas uma coisa é certa: se nada mudar, o rugido do Tigre continuará ecoando na obscuridade, perdido nas memórias de um passado glorioso e nas sombras de um futuro incerto?

A pergunta que agora ecoa nos corredores vazios do Ipatingão é: quando o Tigre encontrará uma direção, um caminho que o leve de volta à glória e à maestria de seus dias dourados? A incerteza paira como uma nuvem sombria, e a resposta parece tão distante quanto a esperança de um novo amanhecer para o Ipatinga Futebol Clube.

Mas, não há tempo para lamentar, pois a Série D vem ai……. Pelo menos nessa, não vai sofrer o risco de cair. Não como nos outros campeonatos que disputa.

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