Foi realizado, no sábado (09), no Panorama Tower Hotel, o Encontro Regional da Associação Mineira de Rádio e Televisão. Com a presença do presidente da entidade Mayrinck de Aguiar Jr. e a vice-presidente Valéria Nascimento e diversos palestrantes, o evento teve como pano de fundo as discussões dos rumos do rádio na perspectiva da gestão de pessoas, comercialização, potencialização de melhorias no âmbito da legislação e acesso a recursos públicos para investimento.
O presidente da Amirt abriu painel apontando as conquistas recentes da entidade, sobretudo, da aprovação pelo senado da exigência da habilitação dos telefones móveis com acesso ao rádio (atualmente, a maioria dos smartphones possibilita o acesso por meio de aplicativos e, consequentemente, uso do pacote de dados) e dificuldades ao acesso a linhas de crédito de bancos de fomento. Segundo o próprio, no Banco de Desenvolvimento do Estado de Minas Gerais – BDMG há proibição estatutária às emissoras de rádio de serem contempladas com recursos do banco. Ressaltou que tal restrição é similar à restrição de casas de “tolerância” (entenda-se estabelecimentos para divertimento adulto).
Em seguida, uma mesa redonda foi posta com a participação de João Marcelo Costa Jr.(Gerente Comercial da empresa de desenvolvimento de softwares para rádios – a Playlist), Carlos Henrique Nascimento (ex-executivo da Rede Globo) e Rômulo Lopes (ex-executivo de contas da band e outras emissoras de rádio). O tema foi “Estratégias de comercialização e fidelização do cliente “para a boa consecução do “negócio'” rádio. Identificado causas e efeitos, propostas foram apresentadas para adoção de práticas modernas para aprimoramento de processos de venda de espaços na grade das emissoras.
A apresentação que foi divisor de águas para quem esteve presente no salão de convenções do Panorama Tower Hotel foi a experiência do grupo MPA de Comunicação de Divinópolis, por seu sócio-diretor Mayrink Aguiar Jr., que mostrou como o slogan “mais que 30 segundos” sintetiza o modelo de gestão adotado pelo grupo que detêm 03 emissoras e uma TV regional (programação local 24 horas). Mayrink enalteceu a força do “time”, elegendo-o como seu maior patrimônio e razão do sucesso dos negócios da MPA.
Sucederam-se as palestras “Inovação como Diferencial para sua Emissora” com a Administradora Mariana Mendes Cornélio e “A importância do conteúdo estratégico para o sucesso da sua Rádio” com o publicitário Robson Ferri da RF Mídia.
À tarde, os destaques ficaram para as palestras “Mudanças nas Leis Trabalhistas específicos do meio Rádio” da Advogada Silvia de Lacerda Bar, “Relacionamento entre Emissoras, Agências e Governo Federal, além do MobiAbert” com as representantes da Abert Gabriela Pessoa e Tainá Farfan e o fechamento com “chave de ouro” com a jornalista Rosana Jatobá Advogada e Jornalista (atualmente da Rádio Globo/RJ).
O próximo encontro regional da Amirt, a permanecer a mesma periodicidade, deverá acontecer somente em 2019. A sensação de que em 02 anos acumula-se muitos temas para discussão foi mencionada por vários presentes que ressentem-se de momentos como esse para maior mobilização das emissoras do interior para a melhoria do setor como um todo.
O rádio brasileiro conquista uma importante vitória
No fim do mês passado, foi aprovada na Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados (CCTCI), do projeto de lei do deputado Sandro Alex (PSD/PR) que obriga as empresas fabricantes ou montadoras de celular a disponibilizar a recepção do rádio FM em todos os aparelhos. A aprovação veio após intenso trabalho da ABERT junto ao governo federal e aos parlamentares federais. O texto foi aprovado na íntegra, com apenas um voto contrário do deputado Eduardo Cury (PSDB/SP).
Apesar da pressão da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), contrária à proposta, no parecer favorável ao projeto, o relator Paulo Magalhães (PSD/BA) destacou a importância social da medida, que tem como objetivo principal proteger os consumidores de menor poder aquisitivo.
“Como se sabe, o aparelho celular é um dos receptores de rádio FM mais poderosos do mercado. As pessoas com alto poder aquisitivo escutam rádio pelo aplicativo da emissora predileta. Entretanto, os menos privilegiados economicamente precisam do receptor integrado, pois escutar rádio pelo streaming gasta muita bateria e consome os créditos do plano de dados do usuário, inviabilizando totalmente o acesso à emissora”, explica o diretor geral da ABERT, Luis Roberto Antonik.
Pelo texto aprovado, a habilitação do rádio FM deverá ser compatível com as tecnologias adotadas no Brasil e atender as especificações e requisitos técnicos de funcionamento, bem como as condições de garantia, de assistência técnica e qualidade.
Estudos da ABERT mostram que dos 275 modelos de celulares disponíveis no mercado brasileiro, 179 têm o chip FM ativado. A mesma pesquisa mostra que 100% dos aparelhos mais simples, de até R$ 300, têm rádio FM integrado. Nos aparelhos mais caros (smartphones), acima de R$ 1.000, esse número cai para apenas 57%. Nesses aparelhos, as empresas de telefonia seguem uma tendência de não ativar o chip existente no celular, forçando os ouvintes a usar o plano de dados para acessar sua emissora.
A aprovação segue ainda uma tendência mundial. No México, uma norma do governo determinou que todos os aparelhos vendidos no país devem ter, obrigatoriamente, o chip FM no celular.
A proposta vai agora para análise da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara e, se aprovada, segue para o Senado.
Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão – ABER