Notícias de investimento e geração de empregos sempre soam com música – especialmente em momentos como esse, em que milhares de pessoas aguardam por uma recolocação no mercado de trabalho. E foi exatamente assim que a região recebeu o anúncio do investimento de R$1,6 bilhão, por parte da Gerdau, na usina de Ouro Branco. O aporte planejado deve gerar milhares de empregos. Mas o ônus desse desenvolvimento já preocupa. De acordo com informações obtidas, a gigante da siderurgia já solicitou autorização para ampliação da mina Várzea do Lopes, localizada próximo à praça de pedágio de Itabirito.
O problema é que o minério extraído nessa lavra seria transportado para a usina de Ouro Branco, para ser beneficiado, cortando nada menos que 40km da BR-040 em um trecho já conhecido pelo alto índice de acidentes. Estima-se que seria extraída 1,5 tonelada por ano, o que exigiria 100 mil viagens anuais, ou, aproximadamente, 370 viagens / dia. O assunto já desperta a preocupação de grupos ligados à segurança na 040 e autoridades das cidades do entorno. Por essa razão, a Câmara Municipal de Moeda agendou para as 9h do sábado, 13 de abril, uma audiência pública, onde a situação será debatida com a população.
Caso se concretize, essa movimentação intensa de carretas no trecho irá se somar a outros problemas já observados, que deveriam ter sido resolvidos com a concessão, mas que permanecem por tempo indeterminado, já que a empresa responsável aguarda apenas o aval da justiça para devolver a concessão. Nesse meio tempo, como já abordado pelo Jornal CORREIO, nada mais que algumas manutenções emergenciais têm sido feitas. Não há perspectivas sobre a essencial duplicação ampla e irrestrita do trecho e de obras mais robustas em estruturas deficitárias, como viadutos e trincheiras.
Apesar de ser muito aguardada e essencial para a recuperação econômica da região, a expansão preocupa. Isso porque o cenário que se desenha mistura elementos capazes de tornar a via ainda mais mortal: estradas cheias de carretas, asfalto corroído pelo impacto da circulação ininterrupta de veículos pesados, motoristas cansados e impacientes, além das imprudências já habituais, como excesso de velocidade, direção sob a influência de álcool ou entorpecentes, desatenção e outras mais. Em 2019, já foram registrados 57 acidentes, com 9 mortos e 91 feridos na rodovia, apenas até o dia 3 de abril.
Segundo a empresa “o projeto Mina Várzea Leste-Norte, localizado na Serra das Serrinhas, é uma expansão por meio de novas estruturas do complexo Várzea do Lopes. O projeto ainda está em fase de licenciamento com os órgãos competentes, que definirão a sua capacidade produtiva. A empresa esclarece que, sendo aprovado, o novo empreendimento utilizará a mesma capacidade logística atual, não estando previsto qualquer aumento no fluxo de veículos da região. A Gerdau reitera que a segurança das pessoas é um valor inegociável para a empresa e que não poupará esforços para garantir a melhoria contínua de suas operações e a minimização dos impactos para a população.”
Sobre a expansão da Gerdau
Junto com um balanço divulgado em janeiro deste ano, a Gerdau apresentou seu plano de aportes para os próximos 3 anos. O documento prevê investimentos da ordem de R$ 7,1 bilhões em suas operações globais – incluindo a usina de Ouro Branco. Entre 2019 e 2021, as inversões na planta siderúrgica mineira somarão quase R$ 1,6 bilhão e serão destinadas à manutenção desta, que é a maior usina do grupo gaúcho. No mesmo balanço, o gigante da siderurgia divulgou o resultado de R$ 46,2 bilhões em receita líquida, atingido em 2018, representando avanço de 25% sobre o ano anterior.
Os aportes também foram classificados em três categorias: manutenção geral, manutenção na usina de Ouro Branco e expansão e atualização tecnológica. A empresa também vai aplicar os recursos em expansão de capacidade e atualização tecnológica focada em processos de maior rentabilidade. A Gerdau vai ampliar a produção de bobinas a quente em Ouro Branco em 230 mil toneladas, com aportes de R$ 380 milhões, ampliar em 530 mil toneladas em sua capacidade de produção de aço em diversas usinas na América do Norte (R$ 456 milhões) e elevar a produção de aços especiais em Pindamonhangaba (SP) e Monroe (EUA), com desembolso de R$ 789 milhões.