Três empresas se interessam pela Ford e Sindicato quer participar das negociações
O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC realizou na manhã desta terça-feira (12/03) uma assembleia em frente à fábrica da Ford no bairro Taboão, em São Bernardo. A reunião com os trabalhadores aconteceu no pátio e o presidente do sindicato, Wagner Santana, o Vagnão, transmitiu o resultado da reunião que teve em Dearborn, nos EUA. Os sindicalistas e executivos da montadora não chegaram a um acordo na negociação para a permanência da montadora, que anunciou em 19 de fevereiro a intenção de fechar a fábrica, deixando 2,8 mil trabalhadores sem emprego.
A comitiva do Sindicato também teve a confirmação de que três grupos estão interessados na compra da fábrica. “Com esse posicionamento, deixamos claro que temos de estar na mesa de negociação. A partir de agora estamos em luta pela manutenção dos empregos nesta planta. Não importa quem é o patrão. O patrão vai, mas os empregos ficam”, destacou Vagnão. Os possíveis compradores não foram informados. “Para nós não importa que seja brasileiro ou internacional, importa que se comprometa com os empregos. Desde o início nosso objetivo é dar garantia aos trabalhadores que estão aqui dentro. O patrão desistiu, mas nós não desistimos. Não permitiremos que um acordo de compra e venda da Ford seja feito sem que inclua a garantia de que estes trabalhadores continuarão aqui.”
O presidente do Tid Brasil (Instituto Trabalho Indústria e Desenvolvimento), Rafael Marques, também esteve nos EUA e disse que a Ford admitiu erros. “A linha de caminhões é rentável, é operação que quase sempre deu lucro, é viável é enxuta e tecnologicamente em dia com as concorrentes. Portanto é mais um erro. Colocamos a possibilidade de converter a planta de São Bernardo, numa planta de desenvolvimento de novas tecnologias; a Toyota fez isso, mas infelizmente não nos ouviram como achávamos que deveriam ouvir, só colocaram como abertura a possibilidade de repassar o negócio para outras montadoras que tenham interesse na operação. Eles confirmaram três interessados, e foi isso que trouxemos de lá”, disse Marques.
Marques reiterou que o sindicato colocou a posição de estar nessa mesa. “Precisamos dizer para esses interessados que a mesma disposição que o sindicato tem de discutir tudo que é pauta dos trabalhadores também terá para deixar a planta competitiva”. O presidente do Tid disse ainda que a discussão deve envolver as três esferas de governo e que a Ford isentou os trabalhadores de culpa. “Dado os argumentos que nós levamos, eles não tinham como responder. Assumiram os erros e isentaram os trabalhadores, mensalistas e horistas, e as relações sindicais dessa decisão. Essa discussão (sobre a venda) deve passar pelo governo municipal, estadual e federal pois a Ford teve incentivos fiscais R$ 7,5 bilhões só no Nordeste, em cinco anos ganhou um faturamento a mais e essa é a forma que ela está agradecendo o Brasil”, finalizou.