Praticamente parado desde que a plataforma de petróleo P-74 deixou o Estado do Rio Grande do Sul no ano passado, o Estaleiro EBR, em São José do Norte, procura novas demandas para fugir da ociosidade. A expectativa é de que um contrato com a Modec (empresa japonesa ligada ao segmento da indústria naval) possa alterar esse panorama.
Em vídeo postado em uma rede social, o deputado estadual Fábio Branco (MDB/RS) afirma que recebeu a informação da direção do estaleiro EBR que o complexo gaúcho estava participando de uma licitação da Modec, para a construção de módulos de plataformas, e venceu a disputa (pelo menos quanto ao custo mais vantajoso). “No preço foi vencedora e agora estão nas etapas finais da conclusão do processo e, em fevereiro e março, já começariam as contratações”, diz o parlamentar. Ele adianta que o novo contrato significaria a criação de 1 mil vagas diretas e cerca de 1,5 mil indiretas de emprego. O acordo, segundo Branco, prevê um ano para a construção dos módulos. O parlamentar lembra que, em 2018, o estaleiro EBR já havia participado de uma concorrência semelhante, para a mesma companhia, entretanto saiu derrotado.
Já o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio Grande e São José do Norte, Sadi Machado, prefere ter mais cautela quanto à confirmação do acerto. O sindicalista informa que pessoas ligadas à Modec fizeram três visitas ao estaleiro EBR e pediram para a unidade implementar algumas alterações técnicas. A planta fez essas mudanças, conforme Machado, e agora deve ser realizada uma nova visita técnica ainda neste mês. Após essa medida, prossegue o dirigente, abrirá a possibilidade da Modec fazer um ou dois módulos no Rio Grande do Sul.
O sindicalista acrescenta que, confirmada a encomenda, a expectativa de geração de postos de trabalho não é tão elevada quanto à mencionada pelo deputado, mas sim de 300 a 500 empregos, em sete meses de obras. “Não tem nada garantido ainda, a Modec está interessada em fazer o módulo no estaleiro (EBR), contudo depende de ajustes técnicos”, frisa. O vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos recorda que no ano passado o EBR perdeu a disputa da construção de outros módulos encomendados pela companhia japonesa para o estaleiro Brasfels, no Rio de Janeiro.
Machado enfatiza que desde fevereiro de 2018, com a saída da plataforma P-74 (com exceção de um reparo de navio que durou 40 dias), o estaleiro EBR encontra-se estagnado. A mesma situação verifica-se hoje nos estaleiros QGI e Ecovix, em Rio Grande. O sindicalista calcula que, entre manutenção e outras atividades, essas três unidades empreguem atualmente em torno de 300 pessoas. Em 2013, lembra o dirigente, o polo naval gaúcho chegou a gerar cerca de 20 mil empregos. O Jornal do Comércio tentou entrar em contato com a direção do EBR e com o deputado Fábio Branco para ampliar as informações sobre o negócio com a Modec, mas não obteve retorno.