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Nippon planeja salvar oceanos

O desmatamento é uma causa de mudança climática pior do que todos os carros e caminhões do mundo juntos. Alguns dos danos ocorrem debaixo d’água, onde florestas inteiras de algas marinhas estão desaparecendo.

Uma solução pode vir de uma empresa japonesa de um setor mais conhecido por suas emissões de dióxido de carbono do que pela preocupação com o meio ambiente. A Nippon Steel & Sumitomo Metal anunciou que encontrou uma forma de usar parte de seus resíduos para deter a erosão subaquática e como fertilizante para rejuvenescer algas moribundas.

Os céticos podem ficar tentados a desconsiderar a ideia, vendo-a como um golpe publicitário ou uma história para encobrir o descarte de materiais. Mas pescadores afirmam que a tecnologia tem ajudado a recuperar populações de peixes ao largo de Hokkaido. E Shinji Sato, especialista em engenharia costeira da Universidade de Tóquio, afirma que ela pode ajudar a absorver os gases causadores do efeito estufa. “Definitivamente, este é um esforço que vale a pena”, diz.

A ideia de que o resíduo possa ser usado em um trabalho produtivo remonta pelo menos ao parque industrial de Kalundborg, na Dinamarca, onde desde a década de 1970 dezenas de fábricas têm economizado através do comércio de subprodutos. Um resíduo coletado por purificadores de chaminés de uma fábrica, por exemplo, se transforma em ingrediente para materiais de construção produzidos por outra; o excesso de calor é destinado ao aquecimento de residências.

“Se for radioativo, então sim, trata-se de despejo”, diz Deishin Lee, professora de gerenciamento de operações e sustentabilidade da Ivey Business School, perto de Toronto. “Mas se for um recurso residual, então vamos ver se podemos encontrar um lugar para que seja usado de forma produtiva.”

Os fornos da Nippon Steel geram 17 milhões de toneladas de resíduo fundido a cada ano. Tecnicamente, a maior parte não configura um resíduo porque é transformada em selante para asfalto rodoviário ou usada como aditivo para o cimento. Mas há um grande excedente que serve apenas para produzir, por exemplo, cascalho — sem gerar lucro.

Com o objetivo de encontrar um uso melhor para esse material, por volta de 2000 os engenheiros da empresa tiveram a ideia de usar o resíduo, que é rico em ferro, como fertilizante subaquático. O Japão perdeu algas e zosteras ao longo do litoral, em parte porque as represas fluviais tiraram nutrientes das plantas costeiras que, do contrário, teriam corrido para o mar, segundo Sato, o professor da Universidade de Tóquio.

Por isso, com a permissão dos pescadores locais, a Nippon Steel realizou em 2004 um pequeno teste ao largo da costa de Hokkaido, semeando o fundo do mar com baias de resíduo e polpa de madeira fermentada.

Em um ano, as algas tiveram uma recuperação espetacular, crescendo 220 vezes mais do que em uma área próxima que não recebeu tratamento. Um estudo maior iniciado em 2014 também está dando resultado, embora menos pronunciado, segundo Hiroyuki Aiuchi, que representa uma cooperativa de pesca da cidade vizinha de Mashike. Ele diz que a pesca de abalone e ouriço-do-mar, iguarias cobiçadas pelos chefs de sushi, melhoraram.

“Parece que está dando certo”, disse ele, por telefone.

Fonte: Bloomberg news

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