Usiminas fecha Julho com anúncio de investimentos e novos acionistas

Anúncio de investimento na Coqueria 2 e venda das ações por parte da CSN, agitam a semana da Usiminas

Há poucas semanas em que perdia um ícone da história da siderúrgica, o vice-presidente de assuntos estratégicos, presidente do Conselho de Administração e ex-presidente o engenheiro Sérgio Leite de Andrade, a Usiminas anuncia investimentos da ordem de 1,7 bilhão de reais na reforma da Coqueria nos próximos 04 anos e recebe a notícia do cumprimento da determinação judicial da CSN vender ações que detinha desde 2011.

A Usiminas anunciou, na quarta-feira (30), que vai investir R$ 1,7 bilhão, durante os próximos quatro anos, na modernização e reconstrução parcial da bateria 4 da Coqueria 2 da usina de Ipatinga, em Minas Gerais. Do montante previsto, R$ 80 milhões devem ser desembolsados em 2026 e o restante durante o período até 2029, quando está prevista a entrada em operação da unidade reconstruída e modernizada.

Já na quinta-feira (31), a CSN anunciou na quinta-feira (31) que reduziu sua participação na rival Usiminas para 7,92% do capital social após vendas de ações da companhia na véspera. A CSN não informou quanto levantou com as vendas dos papéis, mas segundo cálculos da Reuters o valor foi de cerca de R$ 263 milhões. A ação preferencial PNA da Usiminas encerrou na terça-feira cotada a R$4,20 e o papel ordinário a R$4,22, segundo dados da LSEG.

Em fevereiro deste ano, a Justiça de Minas Gerais determinou um salto na multa diária que a CSN foi condenada a pagar por não ter se desfeito até meados do ano passado das ações da rival. O aumento da penalidade poderia passar de R$1 bilhão no final de agosto. A CSN vinha recorrendo da decisão.

Com as operações de quarta-feira, a CSN citou que sua participação nas ações ON da Usiminas caiu para 10,13% enquanto nas preferenciais a fatia foi reduzida a 5,08%.

Outro campo de batalha

Envolvendo ainda a Usiminas, corre paralelamente a outra briga que a empresa tem na Justiça, em que a CSN está envolvida e que se arrasta há mais de uma década. A ação, que remonta à aquisição de ações da Usiminas em 2011 pelo grupo Ternium, gira em torno da controvérsia sobre se essa operação configuraria uma alienação de controle acionário, obrigando a realização de uma oferta pública de aquisição (OPA) aos acionistas minoritários (condição da CSN na Usiminas), como definido pelo artigo 254-A da Lei das S.A.

Em 2023, a 3ª Turma do STJ, por 3 votos a 2, negou o recurso especial da CSN na disputa com a empresa italiana, confirmando o entendimento das outras instâncias e da CVM. No entanto, em junho de 2024, uma mudança de composição na turma que apreciou o caso – provocada pela morte do ministro Paulo de Tarso Sanseverino e pela declaração de impedimento de Marco Aurélio Bellizze, que havia votado no mérito – foi determinante para uma decisão favorável à CSN com uma indenização até então estimada em R$ 5 bilhões a ser paga pela Ternium à empresa. O último ato desta disputa remonta ao fim de 2024 em que a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) protocolou no Supremo Tribunal Federal (STF) uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) para questionar a interpretação do STJ sobre o artigo 254-A. A associação argumenta que a decisão da Corte sobre o tema, feita no caso da Ternium e CSN, é inconstitucional e “frontalmente divergente em relação àquela fixada pela Comissão de Valores Mobiliários, CVM, no exercício de sua competência”.

Por que a família Batista?

De forma mais precisa, a adquirente das ações da CSN, foi a Globe Investimentos, veículo patrimonial da família Batista, da J&F, controladora da JBS. Fontes próximas à operação afirmaram que a compra da Globe Investimentos seria estritamente financeira. O veículo funciona como o braço patrimonial da família Batista, usado para diversificação de portfólio, e não haveria intenção de influenciar a gestão da Usiminas ou iniciar movimentos estratégicos no setor de aço. A J&F hoje é proprietária de uma mineradora, a Lhg Mining, o que despertou curiosidade do mercado sobre o movimento. Será que os irmãos Batista podem, no futuro, mudar de posição e avançar na aquisição de mais ações e entrar no bloco de controle da siderúrgica?

 

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