Siderúrgica contabiliza EBTIDA Ajustado de R$ 453 milhões na Usiminas.
A Usiminas manteve no terceiro trimestre deste ano a trajetória de resultados consistentes apresentados nos últimos meses. No período, o EBTIDA Ajustado consolidado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da empresa totalizou R$ 453 milhões. No 2T17 foi registrado um EBTIDA Ajustado de R$ 549 milhões, sem considerar os efeitos do acordo com a Porto Sudeste, no valor de R$ 201 milhões. No acumulado do ano de 2017, o EBTIDA Ajustado Consolidado foi de R$ 1,7 bilhão, contra R$ 426 milhões registrados em igual período de 2016.
A margem de EBITDA Ajustado da Siderurgia atingiu 17%, de julho a setembro, ante 20% registrados nos três meses anteriores. No consolidado dos nove primeiros meses do ano, a margem de EBITDA Ajustado saltou de 7% em 2016 para 23% em 2017. Já o lucro líquido alcançou R$ 75,9 milhões, no 3T17, contra R$ 175,7 milhões de abril a junho. Deve-se destacar que o lucro líquido de janeiro a setembro de 2017 atingiu R$ 360 milhões. Nesse mesmo período do ano anterior, a empresa registrou prejuízo líquido de R$ 382 milhões.
Entre os fatores que contribuíram para a sustentabilidade dos números apresentados, destacam-se um aumento nas vendas de aço, especialmente para o mercado interno, da ordem de 5% em relação ao trimestre anterior. No total, incluindo as exportações, foram 1,016 milhão de toneladas comercializadas nos três meses, contra 990 mil toneladas no 2T17, um incremento de 3%. A receita líquida passou de R$ 2,6 bilhões no 2T17 para R$ 2,7 bilhões no terceiro trimestre. As unidades de mineração – com a retomada da exportação de minério de ferro e o aumento de vendas para a Usina de Ipatinga -, a siderurgia e a transformação do aço (Soluções Usiminas) foram as que mais contribuíram para a elevação, impulsionadas por aumentos de volume de vendas.
Na avaliação do presidente da Usiminas, Sergio Leite, os números registrados no 3º trimestre deste ano sinalizam uma trajetória sustentável dos resultados da empresa. “Desde o segundo trimestre de 2016, quando registramos um EBTIDA Ajustado Consolidado (nos 12 meses anteriores) negativo de R$ 196 milhões, estamos numa curva ascendente. É o reflexo da nova etapa da empresa, com metas de gestão estabelecidas, voltadas, principalmente, para a geração de resultados e a busca pela excelência no atendimento aos clientes e pela melhoria do clima organizacional, entre outros fatores”, afirma. Para Leite, embora o cenário da economia interna ainda seja de “recuperação moderada”, a empresa está no caminho certo.
No que diz respeito aos investimentos, o CAPEX da empresa no terceiro trimestre totalizou R$ 51,7 milhões, 51,6% superior ao registrado nos três meses anteriores. Os principais aportes realizados foram com sustaining CAPEX (sustentação do investimento), sendo 82% na Unidade de Siderurgia, 10% na Unidade de Mineração, 7% na Unidade de Transformação do Aço e 1% na Unidade de Bens de Capital. No acumulado dos nove primeiros meses de 2017, os investimentos somaram R$ 109 milhões, contra R$ 158 milhões no mesmo período do ano anterior.
Endividamento
Em 30 de setembro passado, a dívida bruta consolidada da empresa era de R$ 6,9 bilhões, uma redução de R$ 89,3 milhões em relação à de 30/06/17. No 3T17, houve desvalorização do dólar frente ao real de 4,2%, que impactou positivamente a parcela da dívida em moeda estrangeira, que correspondia a 25% da dívida total nesta data.
Nesse mesmo período (3T17), a Usiminas também deu um importante passo em seu processo de revitalização financeira. Em 31 de agosto, a empresa recebeu o aval definitivo de seus credores para realizar a quitação integral de bonds no vencimento em janeiro de 2018, cumprindo uma das principais condicionantes do processo de renegociação da dívida.
Cabe destacar, ainda, que a Usiminas irá pagar antecipadamente, em dezembro de 2017, US$ 90 milhões a seus credores. No acordo negociado junto aos bancos, em setembro de 2016, a primeira amortização do montante principal da dívida seria feita apenas em setembro de 2019. “Essas medidas permitem à Usiminas trabalhar em seu planejamento de longo prazo e reforçam a solidez e confiança na Usiminas, fundamentais para o futuro da companhia”, avalia Sergio Leite.
Unidades de negócio
Mineração: Produção – 1,1 milhão de toneladas (aumento de 53%);
Por unidade de negócio, a Usiminas registrou na área de mineração um volume de produção de 1,1 milhão de toneladas de minério de ferro, um aumento de 53% quando comparado com o segundo trimestre de 2017. O volume de vendas por sua vez foi de 904 mil toneladas, um aumento de 44% em relação ao do 2T17, principalmente em função da exportação de 175 mil toneladas e de maior venda para Usina de Ipatinga, em 13%. A receita líquida contabilizada foi de R$ 121,4 milhões, numa alta de 36,2% quando comparada com o trimestre anterior (2T17), quando a receita foi de R$ 89,1 milhões.
Na Soluções Usiminas, área com atuação nos mercados de distribuição, serviços e tubos de pequeno diâmetro, a receita líquida no trimestre passado atingiu R$ 673,3 milhões, 14,2% superior àquela registrada no segundo trimestre do ano, devido ao maior volume de vendas e ao aumento no preço médio no mercado doméstico. O EBTIDA Ajustado no período foi de R$ 18,3 milhões, contra R$ 27,3 milhões no trimestre anterior.
Na área de bens de capital, a Usiminas Mecânica apresentou uma receita líquida de R$ 73,8 milhões, contra R$ 80,4 milhões no 2T17, redução de 8,3%, reflexo da estagnação do mercado de óleo, gás e infraestrutura. O lucro bruto atingiu a marca de R$ 7,3 milhões no 3T17, contra R$ 5,3 milhões no 2T17, 37,7% maior que o do 2T17, em função de melhores margens apuradas nos projetos do segmento de Equipamentos.
Protagonismo no mercado automotivo
Outro destaque da empresa no período foi a obtenção da recomendação para a certificação na nova norma de gestão da qualidade para fornecedores do setor automotivo, a IATF 16949:2016. A Usiminas é uma das primeiras empresas brasileiras e uma das pioneiras no mercado siderúrgico mundial a obter a recomendação. Desenvolvida pela International Automotive Task Force (IATF), a norma é voltada para o atendimento ao mercado automotivo e é tida como um pré-requisito para fornecimento a esse segmento.
Para o presidente da Usiminas, Sergio Leite, “a conquista reforça o protagonismo da Usiminas no atendimento qualificado às demandas da indústria automotiva”. Até o fim deste ano, segundo ele, a Usiminas deve lançar dois aços com foco nesse mercado. Em 2016, a siderúrgica apresentou quatro novos produtos para o segmento, alguns deles inéditos e exclusivos no país, em um esforço para produzir localmente aços de alto conteúdo tecnológico.
Mercado de capitais
No mercado de capitais, a ação ordinária da Usiminas encerrou o terceiro trimestre cotada a R$ 10,05 e a preferencial a R$ 7,78 uma valorização de 13,8% e 69,1%, respectivamente. No mesmo período, o Ibovespa registrou valorização de 18,1%. As ações da Usiminas são negociadas nas bolsas de valores de São Paulo, Nova Iorque (ADR nível I) e Madri.
O trimestre foi marcado também pela elevação na nota de risco de crédito da Usiminas por parte de duas das principais agências de classificação do mercado global. Em setembro, a Standard and Poors elevou o rating (avaliação sobre a capacidade de honrar obrigações financeiras, integralmente e no prazo determinado) da empresa de CCC+ para B-. Mais recentemente, foi a vez da Fitch, que anunciou a elevação da nota de CCC para B, uma melhora significativa no perfil de crédito da companhia “apoiada em tendência de redução de endividamento e riscos de refinanciamento administráveis.
No mesmo período do ano passado, quando fechou um processo de reestruturação com seus credores e acionistas, a empresa mineira havia apresentado prejuízo de R$ 114,1 milhões. No segundo trimestre, contudo, com o reforço de R$ 201,1 milhões do acordo com o Porto Sudeste, a companhia obteve lucro de R$ 117,1 milhões.
Entre julho e setembro deste ano, a siderúrgica vendeu mais aço e voltou a exportar minério, após mais de um ano sem escoar a produção da commodity. Também beneficiada pelo efeito de reajustes de preço de seus produtos, a companhia apurou receita líquida de R$ 2,74 bilhões, alta de 20,8% em comparação anual.
Os custos de venda também subiram, mas em ritmo menor, de 19%, para R$ 2,38 bilhões. Mas a companhia viu suas despesas com vendas avançarem 21,2%, para R$ 63 milhões, e as gerais e administrativas crescerem 21,4%, para R$ 106,1 milhões. Com isso, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) totalizou R$
O peso dos gastos só não foi maior porque a Usiminas obteve maiores receitas com o Reintegra, programa de desoneração de resíduos tributários para exportadoras, em R$ 5,9 milhões; ganhos com a venda de energia excedente, em R$ 10,9 milhões; e perdas 22,7% menores com a parada de equipamentos, em R$ 104 milhões. Também reforçou a última linha do balanço da empresa uma melhora no resultado financeiro. As despesas financeiras líquidas caíram 59,2%, para R$ 65 milhões — motivo pelo qual também a diferença para o lucro do segundo trimestre não foi tão alta.