Finalmente, o governo age e sobretaxa o aço chinês, gerando uma perspectiva de alívio para o setor siderúrgico, no médio prazo.
Três momentos positivos nesta semana para a Usiminas e o setor siderúrgico como um todo. O primeiro diz respeito,ao acervo do Centro de Memória da Usiminas que encontrou um novo espaço e um novo público para ser apreciado. Na segunda-feira (22), foi realizada a solenidade de abertura da exposição na Casa Fiat de Cultura, em Belo Horizonte. No dia seguinte, a Usiminas divulgou os resultados do 1º trimestre com queda do lucro líquido. No mesmo dia, chega a resposta do governo brasileiro em sobretaxar o aço chinês.
Resultados
Na terça-feira (23), foi a vez da divulgação dos resultados do primeiro trimestre de 2024. A companhia reportou lucro líquido de R$ 35,6 milhões no primeiro trimestre deste ano, obtendo uma queda de 93% em relação ao apresentado no mesmo período do ano passado.
Assim como todo o setor siderúrgico, a Usiminas, justificou que está sendo pressionada por altas importações de aço da China pelo Brasil. Logo, o Ebitda ajustado da empresa foi de 416 milhões de reais, queda de 47% na comparação o primeiro trimestre de 2023.
Além disso, a margem Ebitda – Ebitda sobre receita líquida ajustada foi de 7% no período, com queda de 4 pontos percentuais em relação ao mesmo trimestre do ano passado.
A receita líquida nesses três primeiros meses alcançou R$ 6,2 bilhões, com queda de 14% em relação aos mesmos meses do ano anterior e 8% na comparação trimestral.
Sobretaxa
No último dia 18, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, solicitou às autoridades comerciais do país a imposição de tarifas mais pesadas às importações de aço chinês, na ação mais recente de uma campanha mais ampla contra as exportações baratas chinesas que segundo Washington estão inundando os mercados globais e o americano.
Para se ter uma ideia, as exportações chinesas de aço cresceram, 33% no último ano, com os grandes produtores do país tentando descarregar seus produtos no exterior diante da recessão no mercado interno da construção. Nos 12 meses até fevereiro, a China exportou 95 milhões de toneladas de aço, segundo dados da Alfândega chinesa, uma soma que supera as estimativas do consumo total de aço pelos EUA em todo o ano de 2022.
Com isso, o presidente americano pediu a triplicação de uma tarifa importante sobre o aço chinês para 25%, um imposto que se soma a uma segunda tarifa de 25% aplicada ao aço chinês pelo governo Trump em 2018, por razões de segurança nacional.
Gacex
Inspirada ou não nas reações americanas, na terça-feira (23), O Gecex-Camex, Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior, aprovou o aumento do imposto de importação de 11 tipos de produtos do aço. Com a decisão, a alíquota para compra desses itens no exterior passou a ser de 25%. Antes, as tarifas variavam de 9% a 12,6%.
O governo justificou esse aumento no imposto pelo crescimento observado na entrada dos produtos estrangeiros no Brasil. O Gecex-Camex determinou que a nova tarifa só será cobrada em produtos que ultrapassarem uma cota de 30% acima da média das compras ocorridas entre 2020 e 2022. A medida entrará em vigor em 30 dias.
O setor de aço está avaliando as consequências das novas cotas de importação impostas pelo governo, que visam frear a entrada excessiva de produtos estrangeiros, principalmente da China. Essas restrições podem ter um impacto moderado no mercado nacional, dependendo da categoria do aço, e nas siderúrgicas operando no Brasil.
O Instituto Aço Brasil, um dos solicitantes do aumento da tarifa de importação de 10,8% a 12,6% para 25%, vê a implementação do sistema de cota tarifa como um sinal de que o governo está protegendo a indústria siderúrgica nacional. Marco Polo de Mello Lopes, presidente do Instituto, considera a medida histórica e significativa, pois mostra aos exportadores que o mercado brasileiro está sob a vigilância do governo, que busca proteger sua indústria.
No caso da Usiminas, entre os onze produtos contemplados pela medida, estão os aços planos.
A exposição
Na segunda feira, foi aberta a exposição “Visível Sensível: do colecionismo ao museu na Casa Fiat de Cultura”, com as obras pertencentes ao Centro de Memória Usiminas, em um recorte da coleção constituída há quase seis décadas. O acervo reúne trabalhos de Amílcar de Castro, Tomie Ohtake (foto/reprodução internet), Bruno Giorgi, Jorge dos Anjos e Fernando Pacheco.
Estabelecendo uma conexão entre as coleções privadas e o acesso ao público, Rodrigo Vivas, curador da exposição, seleciona e categoriza as obras do acervo em seis módulos, demonstrando seus elementos comuns.
As pinturas, esculturas, desenhos e gravuras apresentadas criam a narrativa da história da arte brasileira, contemplando seus caminhos e criando uma constelação de obras, as quais se relacionam e podem ser percebidas por diferentes visões e forças.
Encontros
A presença do presidente da Stellantis para a América do Sul, Antônio Filosa e da Usiminas, Marcelo Chara, deram o tom da importância do evento. Não se trata de uma exposição, mas o resultado de iniciativas de dois anos atrás de se colocar, em um único espaço, as obras que estavam distribuídas no antigo escritório central da empresa. A presença de executivos, conselheiros da Usiminas, executivos de empresas parceiras, clientes e fornecedores se juntaram a expoentes da cultura belorizontina que mesclavam a sisudez corporativa com a leveza e a informalidade da economia criativa. Uma menção especial a presença do ex-presidente do Conselho de Administração da Usiminas(atual membro do conselho representante da Ternium/Techint), Elias Brito e do atual, Alberto Ono davam o tom do nível dos encontros que a abertura da exposição promoveu.