Hapvida coloca à venda dois ativos para enxugar estrutura.
O grande “player” que se tornou o grupo cearense que saiu pelo Brasil comprando e realizando fusões de operações com outras operadoras de planos de saúde começou a ver seu apetite sendo atacado por condições adversas de mercado.
Tudo começou, na semana passada, com admissão de que a companhia busca alternativas de geração de caixa para cobrir as dívidas de 7 bilhões de reais identificadas no último balanço. Em fato relevante divulgado aos acionistas, a empresa afirma que estuda a venda de ativos não essenciais para o negócio e que avalia uma emissão de ações para aumentar seu capital.
No mercado, alguns analistas enxergam a situação financeira da Hapvida com bastante atenção e cautela. Os papéis da empresa já derreteram 55% este ano e o atual cenário macroeconômico não mostra sinais de alívio para a companhia.
Na promoção
Nessa semana, a Hapvida colocou à venda dois ativos considerados não estratégicos – a Resgate São Francisco, de transporte de pacientes, e a empresa de tecnologia voltada à saúde, Maida. Maior operadora de plano de saúde do país, a companhia perdeu R$ 13,2 bilhões em valor de mercado na semana passada após a divulgação do balanço do quarto trimestre, que ficou abaixo das projeções do mercado financeiro, e com alto índice de sinistralidade.
Crescimento efêmero
O Grupo Hapvida NotreDame Intermédica é, hoje, a maior operadora de saúde do Brasil, com mais 16 milhões de beneficiários de saúde e odontologia. Fruto da fusão entre o Hapvida, que começou suas operações em 1979 com a inauguração do Hospital Antônio Prudente, e a NotreDame Intermédica, fundada em 1968 e pioneira em Medicina Preventiva no País, oferece saúde integral e odontologia para Clientes empresariais e individuais em todas as regiões: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul.
Com ampla participação no mercado em planos de saúde e odontológicos, o Grupo Hapvida NotreDame Intermédica é uma das maiores empresas verticalizadas do mundo, atuando com intensidade para se consolidar em seu segmento por meio de uma combinação de crescimento orgânico e aquisições. Com mais de 68 mil colaboradores, cerca de 27 mil médicos e mais de 28 mil dentistas credenciados, tem a missão de garantir o acesso à saúde de qualidade a um custo eficiente. Enquanto a Hapvida está presente no Norte e Nordeste, a Intermédica é forte no Sudeste (o que representa cerca de 20% desses mercados). A operação foi aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em janeiro do ano passado e a combinação dos negócios teve a seu favor o fato de que as companhias serem similares, mas atuarem em praças distintas.
Minas Gerais
Em Minas Gerais, em 2020, A Hapvida fechou acordo para compra do grupo de saúde Promed, empresa que atua principalmente na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), avaliada em R$ 1,5 bilhão. A transação inclui a compra de três hospitais, com 255 leitos no total, um hospital dia com 18 leitos e sete clínicas de atendimento primário e o Hospital LifeCenter. Adquiriu, também, a rede de hospitais Vera Cruz e figurou como ofertantes de compra de algumas cooperativas Unimed no estado, inclusive no Vale do Aço.
Crescimentos efêmeros, como observado na operadora Hapvida, nos remete a lembrança de outros movimentos capitalistas cujos apetites pareciam insaciáveis, como o empresário de mineração, logística e óleo/gás, Eike Batista e o exemplo recente do trio das Americanas, Jemann-Sicupira e Telles. A sorte é que o Vale do Aço, por enquanto, passou a margem de ter, além do Usisaúde e a Unimed um player cujo estilo de gestão e práticas de mercado são marcados pela agressividade e foco essencialmente no ganho escalar, o que para o segmento de saúde a regra dos freios e contrapesos amplamente difundidos durante os ataques a democracia se adequa plenamente.
*Com a livre obtenção de fontes de “fusões e aquisições”, assessoria de comunicação e Brazil Journal