Nos anos 80, um antigo programa de humor tinha um quadro, onde o artista, justificando os constantes aumentos por causa da inflação, lembrava que tudo, desde roupa íntima ao ingresso do jardim zoológico era derivado do petróleo. E sua argumentação era inteiramente lógica, com ele conseguindo provar que tal reajuste se fazia necessário, pois no final das contas, aquele produto ou serviço tinha sim um componente do ouro negro em sua formulação, o que então justificava o preço mais alto.
E a mais nova vítima deste turbilhão inflacionário serão os candidatos a obterem a tão sonhada CNH (Carteira Nacional de Habilitação), cujo custo do processo ficou, em média, 20 a 25% mais caro no Vale do Aço. Segundo a associação de donos de autoescolas, a categoria ficou os últimos cinco anos sem reajustar o preço na região, situação que ficou inviável após o recente acréscimo de 18,8% na gasolina e 24,9% no diesel, segundo o representante da classe, Alexandre Figueiredo de Oliveira.
“Estamos enfrentando uma redução no atendimento da Ciretran para marcação de exames e, agora, para acabar de complicar, essa guerra da Rússia e Ucrânia. O preço do petróleo extrapolou e chegou ao ponto que ficou insustentável manter o Centro de Formação de Condutores [CFC] funcionando”, afirmou.
Além dos efeitos da pandemia, como o período em que o comércio teve que ficar fechado, zerando a demanda, a empresária Bethânia de Souza Ferreira, de Ipatinga, lembra do custo da mão-de-obra que também subiu. “Vem tudo caindo no bolso da empresa, porque tem também os funcionários. O sindicato prioriza e dá o salário base para eles receberem. Eles já tiveram esse reajuste e não tivemos aumento dentro do CFC”, disse.
Para facilitar o consumidor, uma das estratégias utilizadas é a de fornecer mais opções de pagamento. “Algumas oferecem crediário próprio, financiamento no cartão de crédito, podendo dividir de mais vezes, ou até mesmo através de financeiras. O que tiver dentro dos nossos parâmetros para ajudar, para que mantenha a população se habilitando nós vamos estar fazendo, porque habilitação é uma porta de emprego, é uma necessidade”, concluiu Bethânia.
