O presidente do Haiti, Jovenel Moïse, foi assassinado na madrugada desta quarta-feira, anunciou o primeiro-ministro interino do país, Claude Joseph, em um comunicado. Um grupo de homens armados teria invadido a residência oficial no bairro de Pelerin, em Porto Príncipe, atirando no presidente e na primeira-dama, Martine, que foi internada, acentuando ainda mais uma crise política que se prolonga há meses no país.
“Um grupo de indivíduos não identificados, alguns dos quais falavam em espanhol, atacou a residência privada do presidente da República (…) ferindo mortalmente o chefe de Estado”, diz a nota, afirmando que o incidente ocorreu por volta de 1h, horário local (2h, horário de Brasília). “Todas as medidas estão sendo tomadas para garantir a continuidade do Estado e proteger a nação.”
Joseph disse que está no comando do país e pediu calma à população após o ato “desumano e bárbaro”, afirmando que a polícia e o Exército já têm o controle da situação — segundo a Reuters, no entanto, era possível ouvir tiros por toda a capital após o ataque. Também há relatos de que drones teriam sido usados, ao menos uma granada teria sido disparada, e homens vestidos de preto teriam sido vistos correndo pela região.
A morte de Moïse, de 53 anos, vem em meio a meses de instabilidade política no país mais pobre das Américas. Joseph, nomeado como premier interino em abril, nunca foi ratificado e, no início da semana, o presidente havia nomeado Ariel Henry para sucedê-lo — seu sétimo primeiro-ministro em quatro anos. O médico, no entanto, ainda não foi empossado.
A presidência da Suprema Corte também está vazia após seu antigo ocupante, René Sylvestre, morrer na semana passada. Também não há um Parlamento: desde que Moïse o dissolveu, em janeiro de 2020, vem governando por decreto. Restam apenas dez senadores eleitos pelo voto popular.
Em paralelo, desde o fim do ano passado, a oposição vinha exigindo a renúncia do presidente, um empresário exportador de bananas que se enveredou para a política. Segundo os críticos, seu mandato deveria ter terminado em 7 de fevereiro, exatos cinco anos após seu antecessor, Michel Martelly, deixar o cargo.
As eleições de 2015 deram a vitória a Moïse no primeiro turno, mas o voto foi anulado por denúncias de fraude. Após vencer um segundo pleito organizado no ano seguinte, Moïse tomou finalmente posse em 7 de fevereiro de 2017 — a seu ver, portanto, seu mandato só terminaria em fevereiro de 2022. Ele se recusou a deixar o poder, convocando novas eleições para 26 de setembro deste ano.
*Com informações de O Globo