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Quilombolas mineiros ganham prêmio da ONU

Os Apanhadores de Flores Sempre-Vivas, cujo trabalho foi matéria de capa da última edição da Revista Caminho Gerais, foram reconhecidos pela FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), com o título de Primeiro Patrimônio Agrícola Mundial Brasileiro. O dia a dia destas comunidades, localizadas nos municípios de Bocaiúva, Olhos D’Àgua, Diamantina, Buenópolis, Couto Magalhães, Serro e Presidente Kubitscheck, em pleno cerrado mineiro. O nome “sempre-vivas” refere-se às espécies características do bioma cerrado. Estima-se que existam pelo menos 200 espécies de flores, folhas e frutos secos que são cultivados e colhidos nesses locais. O cotidiano destas famílias foi reportagem de capa da última edição da Revista Caminhos Gerais, focada na Comunidade Raiz. Localizada em Presidente Kubitschek, a matéria mostra que o antigo quilombo, além de apanhadores de flores sempre-viva, produz o artesanato com o capim dourado.

Sobre o prêmio, ele é fruto da candidatura ao selo internacional, que aconteceu em junho do ano passado, durante um evento realizado em Diamantina. Criado em 2002 para fortalecer e preservar patrimônios agrícolas mundiais que combinam a biodiversidade agrícola com valioso patrimônio cultural e ecossistemas resistentes, o programa ainda não havia reconhecido, até o momento, nenhum sistema agrícola brasileiro. O sistema agrícola dos apanhadores de flores sempre-vivas abrange cerca de 20 comunidades, a maioria delas formanda por quilombolas estabelecidos há mais de 200 anos.

O cultivo das flores e comércio in natura ou em artesanato não possui apenas importância econômica para as famílias da região. Associada ao cultivo das roças e da criação de raças caipiras de animais – entre eles a do curraleiro, a primeira raça de bovino trazida para o Brasil na época da colonização – a prática agrícola compõe uma identidade cultural repassada de geração a geração. Outra característica desta cultura é o uso comum das áreas e o trabalho coletivo. Algumas famílias chegam a permanecer de três a seis meses em “lapas” (grutas de formação rochosa) no manejo no gado e cultivo das flores.

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