A atividade, internacionalmente conhecida como birdwatching, vem a cada dia ganhando adeptos na região do Vale do Aço, graças, principalmente, ao trabalho desenvolvido pela Associação de Amigos do Parque Estadual do Rio Doce (DUPERD) e do Projeto Turismo no Vale, que está em vigor na região desde 2016.
Com o propósito de fomentar a observação de aves como potencial turístico regional, o Projeto Turismo no Vale vem desenvolvendo ações e participando de encontros e reuniões com a Secretaria de Turismo do Governo do Estado de Minas Gerais (Setur). Em outubro do ano passado, apoiou o evento Vem Passarinhar MG, que levou quase 100 pessoas de todo o estado ao Parque Estadual do Rio Doce.
A ação ganhou asas e desdobrou-se por meio da realização do primeiro Vamos Passarinhar no Vale do Aço?, no dia 13 de janeiro, no Cocais das Estrelas, em Antônio Dias. O evento foi produzido e realizado pela agência de receptivo turístico Ana Cleide Eventos Exclusivos. “O nosso interesse inicial é facultar ao público do Vale do Aço o acesso a esse pilar do turismo fotográfico e ecoturismo, que é crescente no Brasil”, afirma Ana Cleide.
A atividade, que reuniu dez observadores de aves de Ipatinga e Timóteo, foi conduzida pelo guia especialista em observação de aves, Henrique Junior, que especifica o teor desta ação: “Em todos os lugares existem pássaros e, à medida que a pessoa desenvolve essa atividade, ela quer ver novas espécies e procurar pelas aves que ainda não fotografou. Dessa forma, ela precisa se deslocar para algumas áreas e, quanto mais preservadas essas áreas, maior será o número de espécies encontradas. A principal ferramenta de um observador de aves é o seu ouvido, pois é escutando o canto dos pássaros que se é possível identificá-los e, a partir daí, usar de artifícios para atraí-los até um local onde seja possível vê-los, ouvi-los e fotografá-los.”
Cocais das Estrelas é o nome da região, mas a passarinhada foi realizada em um trajeto de 30km de estrada, parando em pontos específicos, com concentração de aves. A estrada é de chão, com trechos íngremes e alguns pontos de parada ficam a cerca de 800m de altitude. “Foi uma agradável caminhada, observando e ouvindo histórias de observação de aves, sempre na expectativa de que as aves nos brindassem com sua beleza e liberdade”, destaca Ana Cleide.
Márcio Bersot, que participou da atividade e tem um grupo de amigos que gostam de fotografar a natureza, achou ótima a experiência. “Eu não tenho muita vivência em fotografar passarinhos, mas estou adorando e vou repetir várias vezes.” Outro participante entusiasmado do evento, o médico urologista Dr. Renato Cunha, disse que sempre pedala na estrada do Cocais das Estrelas, mas foi surpreendido. “Passo aqui várias vezes de bicicleta e não tinha visto tantas espécies de pássaros igual vi hoje. Sensacional! Vale a pena.” A artista plástica Rita Bordone arremata, poeticamente: “Entre saís, saíras, surucuás, almas de gato, cuitelões e tantos outros cantos e cores, assim foi a manhã da nossa passarinhada. Quem venham outras!”
A observação de aves é praticada por milhões de pessoas em todo o mundo e o Brasil já conta com mais de 30 mil observadores. O país é o segundo em número de espécies de aves (1.919 espécies), ficando atrás apenas da Colômbia. No ranking nacional, Minas Gerais está bem posicionada, com 777 espécies, o que rende ao estado a quinta posição na lista.
O Vale do Aço apresenta alto potencial para o desenvolvimento desse produto turístico, tendo sido registradas na região mais de 350 espécies diferenciadas, sendo muitas delas ameaçadas de extinção.
Somente nos Estados Unidos, mais de 47 milhões de pessoas declaram-se observadoras de aves e cerca de 18 milhões praticam a atividade. É um super negócio, que gera mais de 600 mil empregos e movimenta quase US$ 106 bilhões por ano.
Para Ana Cleide, é preciso fortificar esse filão econômico e explorar a potencialidade que é oferecida, gratuitamente, pela natureza. “Naturalmente, será necessário melhorar nossas estruturas para receber os turistas e capacitar os prestadores de serviços para atender os observadores de aves, que têm hábitos diferentes em relação aos demais turistas. Para essa finalidade, contamos com o apoio dos nossos parceiros Sebrae Minas e Agência de Desenvolvimento do Circuito Turístico Mata Atlântica de Minas.”