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Moradores encontram rastros da antiga guerrilha do Caparaó

Um possível esconderijo de armas, munições e outras provisões pode ter sido encontrado por moradores do município de Iúna, região do Vale do Caparaó, na divisa de Minas com o Espírito Santo. A descoberta, se confirmada, pode está ligado aos antigos membros da Guerrilha do Caparaó, um grupo de militantes de esquerda que, no final de década de 60, planejaram montar no local um grupo de resistência ao governo militar.

Segundo o jornalista e escritor José Caldas, ouvido pelas reportagens da TV Gazeta e do Jornal A Tribuna, aconteceu por acaso, mas foi fruto da curiosidade, dos mitos e das lendas que permeiam a região desde que o fim da guerrilha, que foi desmantelada por soldados das forças armadas e das polícias militar de Minas e do Espírito Santo.

Na escavação feita, foram encontrados restos de uma manta térmica, remédios para estômago (o famoso sonrisal) e um líquido em uma garrafa, que pode ser um óleo antioxidante que se passa em armas. Agora, a descoberta deverá passar por uma perícia de técnicos do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), marcada para a próxima segunda-feira, 16. A possível confirmação que a toca encontrada seja mesmo dos antigos guerrilheiros, pode colocar Iúna no mapa do turismo histórico cultural.

Inspiração cubana

A Guerrilha do Caparaó foi a segunda tentativa insurgência armada contra o regime militar brasileiro feita por ex-militares cassados. Inspirada na guerrilha de Sierra Maestra, o golpe que instalou a ditadura de Fidel Castro em Cuba, a versão tupiniquim teve lugar na serra do Caparaó, na divisa do Espírito Santo e Minas Gerais, entre os anos de 1966 e 1967.

Promovida pelo MNR (Movimento Nacionalista Revolucionário), organização baseada inicialmente em Montevidéu, a guerrilha contou com o apoio financeiro de Cuba, obtido através de negociações entre Leonel Brizola. Segundo Denise Rollemberg, alguns membros do grupo – majoritariamente constituído por ex-militares, expulsos das forças armadas – também receberam treinamento em Cuba. Posteriormente o governo cubano teria preferido apoiar Carlos Marighella. Com isso, o movimento perdeu suporte financeiro e os guerrilheiros foram praticamente abandonados no alto da serra.

Na verdade, a tentativa de implantação de uma guerrilha na serra de Caparaó foi frustrada antes mesmo que o movimento entrasse em ação. Os seus integrantes permaneceram no local por alguns meses realizando treinamentos e o reconhecimento da região e foram presos pela Polícia Militar mineira após serem denunciados pela própria população. Segundo consta, o grupo, desassistido pela organização, começou a roubar e a abater animais para não morrer de fome – razão pela qual acabou sendo alvo de denúncia à polícia.

O Pico da Bandeira serviu de cenário para os guerrilheiros

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