As maiores mineradoras no Brasil, representadas pelo Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração), esperam que o governo brasileiro não apele ao princípio da reciprocidade em resposta à imposição de tarifas de 50% anunciadas sobre os produtos brasileiros exportados para o EUA (Estados Unidos) a partir de 1º de agosto, conforme recente anúncio do presidente Donald Trump. Essa preocupação foi manifestada nesta segunda-feira (21) por executivos do setor que estiveram reunidos com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.
Em entrevista a jornalistas, o diretor-presidente do instituto, Raul Jungmann, que participou do encontro, explicou que impor uma taxação equivalente aos produtos americanos teria um impacto expressivo sobre a indústria mineral brasileira. Entre os produtos americanos que mais preocupam estão máquinas e caminhões de grande porte. A entidade alega que a tarifa imposta por Trump é negativa, mas recai somente sobre 3,5% das exportações do setor.
Jungmann afirmou que o vice-presidente da República assegurou que a reciprocidade não está sendo considerada por enquanto. “Ele diz que a perspectiva é negocial, de encontrar soluções negociadas, sejam as cotas, sejam outras”, comentou, indicando a sinalização dada por Alckmin.
Tarifa cruzada

Jungmann afirmou que as mineradoras brasileiras esperam também que não seja confirmada a ameaça de Trump de impor uma “tarifa cruzada”, considerando as trocas comerciais com outros países. “Essa é uma coisa que está dita, não está escrita, não está dentro da carta do presidente, mas é algo que nos preocupa muitíssimo”, destacou.
Essas tarifas cruzadas, como chamou o presidente do instituto, afetaria a corrente de comércio com grandes compradores de produtos brasileiros. “O presidente Trump falou na hipótese de incidir tarifas de até 100% sobre quem negociasse, quem tivesse fluxo e trocas, compras e vendas, com a Rússia e mesmo com a China. Isso nos preocupa muito porque se para os Estados Unidos são 3,5% do valor de exportação, para a Ásia, as nossas exportações montam de 80%, sendo que 70% só especificamente para a China”, alertou.
Executivos das maiores mineradoras brasileiras devem integrar comitiva de empresários que vão negociar tanto com as mineradoras locais quanto com representantes do congresso e do governo americano, se houver disposição para atendê-los, informou Jungmann.



