Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, fez história ao receber três indicações ao Oscar 2025: Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Fernanda Torres como Melhor Atriz.
É a primeira vez que um filme brasileiro foi indicado como melhor filme, a principal categoria do prêmio mais importante do cinema.
Este foi o segundo maior número de indicações recebidas por uma produção nacional.
Em 2004, Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, recebeu quatro indicações, por direção, roteiro adaptado, montagem e fotografia.
Esta é a segunda vez que Salles é indicado ao Oscar. A primeira foi em 1999 com Central do Brasil, que concorreu como Melhor Filme Internacional.
A concorrência
Mesmo com as greves dos atores e roteiristas paralisando Hollywood por grande parte de 2023, este acabou sendo um ano vintage para os concorrentes ao prêmio de melhor filme.
O favorito no momento é O Brutalista, de Brady Corbet — a história intensa e inteligente de um arquiteto imigrante enfrentando o modo de vida americano em meados do século 20.
Outro filme que também deve entrar na disputa é Conclave, o thriller ambientado no Vaticano, que mistura temas sérios e cativante entretenimento de forma milagrosa.
Emilia Pérez foi outro sucesso da temporada, o que não é nada mau para este musical multilíngue sobre a advogada de um chefão do crime transgênero.
A escala e o espetáculo (sem falar na bilheteria) de Wicked e Duna – Parte 2 devem colocar ambos na contenda.
Se a Academia decidir preencher todas as 10 possíveis vagas desta categoria, temos espaço para Anora, vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes; A Substância, um dos filmes mais comentados do ano; Nickel Boys, que reinventou o drama de época; e Um Completo Desconhecido, já que as cinebiografias sempre se saem bem — neste caso, a de Bob Dylan.
A última vaga poderia ser de um dentre os meus dois filmes favoritos do ano: A Verdadeira Dor, de Jesse Eisenberg, ou Tudo que Imaginamos como Luz, de Payal Kapadia — que, certamente, teria sido indicado na categoria de melhor filme estrangeiro, se a Federação de Cinema da Índia não tivesse inscrito outro longa.
Caryn James: Os favoritos para o grande prêmio já são conhecidos há meses e formam um conjunto deliciosamente variado.
Eles incluem o ambicioso épico O Brutalista, o louco musical transgênero Emilia Pérez, a comovente visão cômica de uma profissional do sexo chamada Anora e o envolvente thriller Conclave. Os demais vêm apenas preencher as vagas, já que, agora, são indicados até 10 filmes nesta categoria.
Wicked deve ser indicado para cumprir a função do maior número de indicações: oferecer certo reconhecimento aos populares sucessos de bilheteria.
Cruzo os dedos pela indicação do sensível e engraçado A Verdadeira Dor, de Jesse Eisenberg. A escolha seguiria o mesmo padrão de Vidas Passadas no último ano — ou seja, incentivar um novo cineasta e um filme independente.
E aposto que Um Completo Desconhecido irá preencher a inevitável vaga para a cinebiografia, talvez ao lado de A Substância, pela audácia do filme e pela atenção despertada pela força do trabalho de Demi Moore.
Ao contrário do ano passado, com o furacão Oppenheimer, a lista de filmes deste ano torna a disputa mais volátil e envolvente do que o habitual.