Em encontro com a imprensa regional, nesta semana, executivos da FSFX fazem balanço do ano e apontam para a melhoria da eficiência operacional das unidades hospitalares locais e anuncia que a unidade de negócio de Medicina ocupacional passa a se posicionar em grandes clientes e em nível nacional.
Há 03 anos, quando o capixaba Flaviano Feu Venturim chegava, nessa mesma época para dirigir a Fundação São Francisco Xavier, braço social da Usiminas, quebrava uma sequência de gestores com raízes no próprio Vale do Aço ou advindos da própria siderúrgica. Além disso, chegava de uma experiência exitosa à frente da Santa Casa de Curitiba e da Federação das Santas Casas do Brasil. Uma larga experiência à frente de entidades filantrópicas que poderia justificar sua contratação para dar foco na parte assistencial que aproxima do modelo híbrido da FSFX que ocupa, no mesmo lugar, o atendimento privado e aos conveniados do Sistema Único de Saúde no seu principal equipamento privado de saúde, o Hospital Márcio Cunha.
Nesse contexto, a expansão da entidade em negócios como a administração de hospitais do setor público ou de terceiros recuava. Pouco depois da sua chegada, já em 2022, a entidade, que tinha concessão firmada por cinco anos (e poderia ser renovável por mais cinco), por conta de prejuízos, não optou pela continuidade do contrato. Em abril de 2023, foi a vez de encerrar o ciclo no Hospital e Maternidade Vital Brazil, em Timóteo, depois de 03 anos. Apenas o Hospital Carlos Chagas, hospital público do município de Itabira, permanece sob a gestão da entidade.
Sentimento de pertencimento
Com isso, o foco virou-se para as unidades locais. Desafios como duas greves do corpo clínico testavam a resiliência do corpo diretivo.Em 2023, Flaviano priorizou a melhoria do clima organizacional. Campanhas internas acompanhadas de benefícios como o Day-off (folga do trabalhador na data do aniversário) e o dia do “Pega Leve” (dias com atividades lúdicas que incluem colaboradores, pacientes e acompanhantes, seja as unidades do HMC e COI) foram instrumentos tidos como importantes para gerar sentimento de pertencimento.
Projeto hospital de BH descontinuado
Ainda na esteira do investimento nas unidades locais, definitivamente, o Hospital Libertas, nome que seria do hospital que surgiria da adaptação do prédio adquirido junto a Usiminas em 2020, onde funcionava o escritório central da siderúrgica, na Pampulha, teve sua conclusão e operacionalização descartadas e, o ativo, está a venda ou aberto à propostas cujos modelos de negócio a entidade não entre no risco, tais como arrendamento ou locação parcial do espaço. A época, a transação do edifício em vidro e concreto, adornado por um jardim assinado por Burle Marx, foi no valor de R$ 130 milhões. Para complementar, os investimentos iniciais chegaram a R$ 280 milhões, e o início das operações estava previsto para março de 2022, com a abertura de 140 leitos, sendo 100 deles destinados à internação e 40 à Unidade de Terapia Intensiva, TI (que incluía uma sala de cirurgia robótica).
Próximo nível
Outro negócio robusto da FSFX, o Vita Saúde Ocupacional, diminui a sua atuação no varejo (pessoas físicas e micro e pequenos negócios) para participação de processos concorrenciais de grandes empresas. Venturim, em sua fala, indicou “gigantes” como Petrobras e Gerdau como concorrências vencidas em um mercado que acena como mais promissor e com menos “players”.
O público que o Vita atende é constituído por diversas atividades que integram o portfólio relacionado aos serviços de Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional e Meio Ambiente. Prevenção de acidentes, treinamentos, monitoramento de riscos, promoção da saúde, bem-estar e compromisso com as questões ambientais, completam.
Investimentos
Presentes no encontro, os diretores do HMC, Eduardo Blansk e Alexandre Pinto, comentaram sobre investimentos em atualização tecnológica de equipamentos, como o novo aparelho de Ressonância Nuclear Magnética para a Unidade 2 do HMC assim como a reforma dos apartamentos da Unidade 01.
O mesmo se aplica ao Colégio São Francisco Xavier, em sua unidade no bairro Cariru, que se valerá dos períodos de férias de julho, dezembro e janeiro para obras civis e melhorias das salas de aula.
Fora da onda
A Usisaude, operadora de planos de saúde sob o “guarda-chuva” da FSFX, não se incluiu, nas palavras do executivo, na onda de lucratividade que todo o segmento provou no 1º semestre desse ano.
Para entender, o setor de planos de saúde teve um lucro de R$ 5,6 bilhões no primeiro semestre de 2024, o que representa um aumento de 180% em relação ao mesmo período de 2023. Esse resultado foi o melhor desde 2019, exceto em 2020, quando o lucro foi de R$ 11,3 bilhões devido à pandemia.
A receita total do setor ultrapassou R$ 170 bilhões no primeiro semestre de 2024, com o lucro líquido representando cerca de 3,27% do total.
Para Venturim, esses números são baseados nas operadoras de planos de alcance nacional, como a Hapvida, Unimed, Bradesco Saúde etc e não, necessariamente, pelos resultados operacionais de cada uma. “Tem mais a ver com ganhos de venda de patrimônio, depreciação e aplicações”, observa o executivo. A Usisaúde é uma operadora regional com aproximadamente 210 mil vidas e inúmeros desafios para manter a eficiência e perpetuidade da assistência no longo prazo.
21 anos de acreditação
No fim do mês passado, o HMC, foi agraciado com o Prêmio Destaque da Acreditação ONA, em cerimônia realizada na Casa Bisutti,em São Paulo, durante a celebração dos 25 anos da atuação da Organização Nacional de Acreditação, ONA, na promoção da segurança na saúde primária no Brasil. A honraria recebida, foi concedida às instituições de saúde que alcançaram mais de 15 anos de acreditação ininterruptas pela ONA, demonstrando um compromisso inabalável com a qualidade, segurança e excelência nos serviços hospitalares.
O HMC é o único hospital do leste de Minas Gerais a receber o prêmio e integra o seleto grupo de 74 instituições reconhecidas no Brasil. Destes, 63 possuem a acreditação de nível 3, o mais alto da ONA, que atesta excelência em gestão, segurança e qualidade assistencial, seis possuem o nível 2, e um o nível 1.
A trajetória do Hospital Márcio Cunha com a ONA começou em 2003 quando, de forma pioneira, conquistou, na primeira avaliação o nível 3, um feito inédito no Brasil. Desde então, o hospital passou por rigorosos processos de recertificação e auditorias anuais, mantendo-se como referência para instituições que buscam a acreditação.
Futuro
O executivo da entidade sinalizou 06 anos de investimentos em reformas nas unidades de saúde e Colégio São Francisco. A busca por potencializar a assistência aos usuários das unidades de saúde e educação da região do Vale do Aço permanecerá como “mantra” da gestão Venturim.
Em 2024, o “Banco de Investimentos” previa atualização tecnológica dos serviços prestados que incluíam equipamentos para o Diagnóstico por Imagem, como Tomógrafo e aparelho de raio x móvel para o Bloco Cirúrgico, cardiológicos como monitores e uma série de aparelhos para assistência a pacientes na UTI. Os próximos anos, os investimentos seguem na mesma linha sejam por recursos próprios, emendas parlamentares e programas governamentais. E, nesse contexto, a FSFX tem avançado nos últimos anos. Há uma dedicação específica para as relações institucionais que permitiram a captação de recursos públicos em nível estadual e federal. O perfil da atuação pregressa de Venturim em hospitais filantrópicos foi fundamental para que diversas melhorias pudessem ser implementadas por meio do atendimento às exigências de editais, de comprovação documental, relacionamento com autoridades e entendimento do complexo caminho do acesso aos recursos públicos de orçamentos da saúde. Pelo demonstrado no encontro, a equipe de Venturim deve seguir a mesma estratégia para 2025.