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Universidade Federal em Ipatinga. É bom mesmo pra a economia?

Realidades econômicas de Governador Valadares e Janaúba podem explicar.

No início da semana, o Governo Federal anunciou a inclusão de mais de R$3,77 bilhões em investimentos para as universidades federais, dentro do Novo PAC, com implantação de 10 novos campi nas cinco regiões do país. O valor se junta a R$1,75 bilhão destinado aos hospitais universitários, totalizando R$5,5 bilhões para todas as instituições públicas federais de ensino superior.

Entre os institutos de ensino que serão construídos, está prevista a instalação de um campus da Universidade Federal de Ouro Preto, UFOP, em Ipatinga, onde serão destinados R$60 milhões. Deste valor, R$50 milhões serão utilizados para as obras e R$10 milhões para aquisição de equipamentos.

Após o anúncio, autoridades e empresários comemoraram e um debate passou a fazer parte desde então. O que Ipatinga ganha com isso? O que o Vale do Aço ganha com isso?

Efeitos para trás 

No final de 2012, foi implantado em Governador Valadares um campus avançado da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), contando com diversos cursos nas áreas de saúde e ciências sociais aplicadas, totalizando aproximadamente 4 mil alunos. Em 2014, foram iniciadas obras para a construção do campus universitário, no entanto, os trabalhos foram paralisados e atualmente as atividades acadêmicas ocorrem em diferentes imóveis dispersos pela malha urbana de Governador Valadares. Já no caso de Janaúba, no final de 2011, foi aprovada a criação de um campus da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) (UFVJM, 2017), o qual contava em 2019 com 4 cursos, 240 vagas para ingresso na graduação e 359 matrículas (UFVJM, 2019).

Baseado no artigo “Ensino   superior   e   desenvolvimento   econômico: uma  análise  do  impacto econômico  direto  de  duas universidades federais em Minas Gerais”, dos autores Vicente dos Santos Guilherme Júnior e Marcos Tanure Sanábio pode-se estimar esses impactos, por meio da teoria dos encadeamentos para frente e para trás proposta por Albert Hirschman, economista alemão, influente, autor de vários livros sobre economia política e ideologia política, falecido em 2012.

No   caso   do   impacto   local/regional   de   uma universidade, os “backward linkages” (efeitos  para  trás) serão,  no curto  prazo, os que envolvem  as  despesas  e  investimentos  diretos  da  universidade (implantação  e  manutenção  dos campi,  pagamentos  de  salários,  gastos  dos  estudantes,  entre outros), partindo do pressuposto que sejam construídas do zero.

Efeitos para frente

Já os “forward linkages”(efeitos para frente) estão associados aos impactos de longo prazo,  sendo  materializados  na  expansão  do  capital  humano,  crescimento  da  pesquisa  e inovação, atração de mão-de-obra qualificada, entre outros.

O impacto local/regional das universidades não se limita ao efeito econômico estático, segundo Hirschman.  Evidencia-se, também, um efeito dinâmico, decorrente   da   atuação   destas   instituições   na   formação   de   capital   humano, transferência de tecnologia, prestação de serviços assistenciais (jurídico e de saúde, por exemplo), desencadeando    um    processo    de    geração    de    empregos    resultante    do impulsionamento dos setores de serviços e comércio.

Dados

A partir dos dados apresentados de estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, Governador Valadares cresceu 54% entre 2002 e 2020 de um indicador chamada Valor Adicionado Fiscal, VAF, na modalidade Administração, defesa, educação e saúde pública e    seguridade    social.    No município de Janaúba, o crescimento foi de 49%   no   mesmo   período.   Paralelamente, a   variável “VAF   Serviços” cresceu   53%   no município do leste mineiro entre 2002 e 2020, enquanto em Janaúba o crescimento alcançou 86% no período analisado.

Para a ex-vereadora por Ipatinga, ex-chefe do gabinete do Ministro do Trabalho e do Emprego, Lene Teixeira, uma das políticas que possuem um histórico pela defesa da universidade pública no Vale do Aço, o momento em que se fez o anúncio, a expectativa de décadas recebia o primeiro passo na direção da realidade. “Ipatinga não possui em seu território, espaço para investimentos estruturantes como a Usiminas. Educação, ciência e Tecnologia é o que uma universidade pública traz e pode fomentar o surgimento de indústrias pequenas e médias advindas do ensino e pesquisa desenvolvidos no espaço educacional. A área doada para esse fim é a onde está instalada a Seplan e a Zoonoses no bairro Cidade Nobre. O campus tendo já suas obras a partir desse espaço começa a gerar emprego e renda, a principal consequência esperada do desenvolvimento econômico”, esclarece a também pré-candidata à prefeitura Municipal de Ipatinga.

Os recursos para o inicio das obras já está disponível (R$60 milhões) e aguarda a iniciativa da reitoria da Universidade Federal de Ouro Preto para dar sequencia no cronograma de implantação.

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