“Dormir bem é essencial à vida, tanto quanto comer ou respirar. Se dormimos mal perdemos qualidade de vida”. (Dr Vitor Codeço, Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia – SBPT).
Tem gente que tem e sabe. Tem gente que tem e não sabe. Tem gente que não sabe que a doença existe. Tem gente que sofre as consequências, mas não busca se informar. Em todas estas situações, estou falando da chamada Apneia Obstrutiva do Sono – AOS. É quando a pessoa entra em meu consultório e diz: “Doutor, tem noite que acordo sufocado, sem ar, e melhoro logo que acordo, às vezes mais de uma vez na mesma noite”.
Esta é a primeira informação que exige a atenção do médico e uma investigação cuidadosa. São muitas as doenças do sono e a AOS é a segunda mais comum, depois da Insônia. Apneia, que vem do grego, significa “falta de ar”. E só acontece durante o sono, quando o ar que a pessoa respira é bloqueado, antes de chegar aos pulmões.
A causa mais frequente deste transtorno do sono é o excesso de gordura na área da garganta, que obstrui a passagem do ar quando se está dormindo. A AOS pode, ainda, ser provocada por uma amígdala inflamada ou por um desvio significativo do septo nasal, ou mesmo por pequenas anormalidades anatômicas. Existem outras causas de Apneia do Sono, no entanto, a obstrutiva representa 84% de todos os casos.
Como eu disse anteriormente, a maioria dos pacientes não sabe que tem e, por isso, a doença quase não é diagnosticada. Isto porque as paradas da respiração são muito rápidas, cerca de 10 segundos, e o despertar noturno nem é percebido pelo paciente. Em 75% dos casos, quem percebe o problema é quem dorme ao lado, ou pelo menos “tenta dormir” e precisa conviver com o barulho do ronco. Aliás, a pessoa que mora sozinha, dificilmente vai saber que tem a síndrome.
Alerta – A AOS tem sérias repercussões noturnas e diurnas. Habitualmente, os médicos que fazem o diagnóstico são os pneumologistas e, às vezes, o otorrinolaringologista. Além da sensação de sufocamento, o paciente relata sono agitado, suor noturno excessivo, ranger de dentes à noite, sonolência ou fadiga crônicas (o paciente quase nunca está bem-disposto durante o dia), memória fraca, dor de cabeça quase todos os dias, dificuldade de concentração, frequência de acidentes no trabalho, em casa ou mesmo no trânsito.
O cérebro também é muito prejudicado, porém o que mais sofre é o coração. Durante a noite, ele é obrigado a manter-se acelerado e pode até apresentar arritmias, a pressão arterial também pode manter-se mais elevada. Tudo isso traz prejuízos para todo o organismo. E é mais frequente em homens (mais que mulheres), indivíduos mais velhos (mais que jovens) e pessoas acima do peso de qualquer sexo ou idade.
O diagnóstico é confirmado através de um exame específico chamado “polissonografia”, feito em um laboratório do sono para monitorar o comportamento e as reações fisiológicas durante o sono. O exame é indispensável para o diagnóstico e detecta também outras doenças do sono.
A boa notícia é que a AOS tem tratamentos. Dependendo da causa, pode ser necessária uma cirurgia. Mas, na grande maioria dos casos, o tratamento é feito com um respirador mecânico denominado CPAP, que bombeia o ar através de uma máscara adaptada ao rosto do paciente, enquanto ele dorme.
Se você passa por essas situações, ou suspeita que elas existam, procure o especialista. E tenha o sono saudável.