Dos anos 1980 até meados da década de 2011 – 2020, a Usiminas Mecânica, subsidiária da Usiminas, disputava o título de maior indústria de Bens de capitais do Brasil rivalizando, de forma particular, com duas paulistas: a Alstom em Sorocaba e a Bardella, em Guarulhos.
Uma grande crise se abateu, a partir da operação lavajato, no momento em que muitas dessas empresas começavam a se desenvolver para atender a cadeia produtiva do petróleo, gás natural e indústria da construção/reparação naval e offshore. A quebra de contratos da Petrobras com grandes fornecedores impôs período crítico ao setor alcançando o “estômago” das principais indústrias metalmecânicas.
Com isso, a Usiminas Mecânica a cerca de dois anos migrou da área de bens de capitais para a prestação de serviços especializados de manutenção em siderúrgica, trabalhando quase, exclusivamente, para as empresas do grupo Usiminas. Basicamente uma outra empresa, um outro modelo de negócio.
Já a Alstom, que atua na área de infraestrutura de energia e transporte, presente em dois segmentos ( indústria de materiais ferroviários e produção de energia), uma das concorrentes direta da Usiminas Mecânica atua, até hoje, apesar dos sobressaltos. O principal deles, impôs a devolução de mais de R$1bi em acordo negociado com o Ministério Público de São Paulo, por estar envolvida no escândalo de corrupção e desvio de dinheiro no metrô paulista e na CPTM, durante as gestões do PSDB, isso pelos idos de 2015. Sua conduta não é diferente nos outros 11 países em que atua (ela é investigada por oferecer propinas para obter contratos em licitações de transporte público).
A Bardella não sobreviveu
A Bardella S.A. Indústrias Mecânicas foi fundada em 1911 pelo imigrante italiano Antônio Bardella. Como tantos imigrantes que chegaram ao Brasil no começo do século XX, Antônio Bardella tinha o sonho de uma vida melhor. Inicialmente, a fabricação era de grades para fogões, janelas e jardins pra chegar aos grandes equipamentos para a siderurgia, geração de energia e mineração.
O resultado de problemas financeiros graves potencializados por uma dívida superior a R$ 387 milhões fez com que a empresa entrasse com pedido de recuperação judicial em março de 2021.
Em maio do mesmo ano, a 9a Vara Cível de Guarulhos, homologou o Plano de Recuperação Judicial da Companhia e de suas controladas, Barefame Instalações Industriais Ltda. (“Barefame”), Bardella Administradora de Bens e Empresas e Corretora de Seguros Ltda (“BABECS”) e Duraferro Indústria e Comércio Ltda (“Duraferro”).
Venda
Em julho desse ano, foi realizada a homologação de venda da fábrica de Guarulhos e, a nova proprietária, a Açovisa Indústria e Comércio de Aços Especiais Ltda, da mesma cidade, passou a assumir as instalações. A alienação, via leilão judicial, há duas semanas, gerou R$ 42,8 milhões, sendo considerada como a maior aquisição de um imóvel nesta modalidade na cidade guarulhense neste século.
Com a aquisição, a empresa prevê a possibilidade de abertura de mais 500 postos de trabalho em três anos, e passa a contar com uma área total de 120 mil metros quadrados, sendo que destes, 57 mil metros são de área construída, número 10 vezes maior do que a planta da Matriz ocupada atualmente, além de um incremento considerável nos negócios.
Quem é a Açovisa
A Açovisa atua como distribuidora de aços especiais, longos, planos e tubos a partir da nova operação passa a incorporar uma série de produtos e serviços ao seu portfólio, como Usinagem Pesada, Pintura Industrial, Jateamento, Solda, além da Caldeiraria Pesada e demais serviços como Trefilação, Retífica, Descascamento, Corte e Plasma, entre outros. A companhia possui mais de 25 anos de atuação no mercado de aço e é considerada como umas das líderes do setor de siderurgia nacional.