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HEADER – DESTAQUES VALE DO AÇO – BNDF

Sinal de AleRHta!

Fenômenos ainda não identificados geram o paradoxo da oferta de vagas de trabalho e a falta de mão de obra. O Vale do Aço é uma das regiões mais afetadas pelo “apagão de mão de obra”.

Mesmo em tempos de recessão, o Brasil expunha o paradoxo da oferta de vagas de mão de obra especializada e a falta de candidatos. Tecnologia da Informação, Logística e indústria química estavam entre os setores que percebiam crescimento de demanda contrapondo-se a uma maioria nos demais segmentos que cortavam postos de trabalho, em uma recessão que perdurou entre 2015 até 2019.

No segundo semestre, aqui no Brasil, todos os segmentos passaram a se ver diante de um cenário inimaginável até pouco tempo: Vagas disponíveis e falta de candidatos. Os setores de recursos humanos das empresas assim como os serviços especializados de recrutamento e seleção tem se descabelado para colocar pessoas com perfis adequados aos cargos demandantes nas organizações.

Em entrevista recente a Negócios Já! O presidente da Associação Comercial, Industrial e de Prestação de Serviços de Ipatinga, Aciapi, Luís Henrique Alves indicou que o setor, um dos maiores geradores do “primeiro emprego” vê o comércio ipatinguense diante de diversas dificuldades. “Diariamente, ouvimos relatos de associados diante de dificuldades de reporem vagas de balconistas, vendedores, caixas e correlatos”, expõe o presidente. Mesmo com os programas voltados para a inclusão de menores no mercado de trabalho, como o “Menor Aprendiz”, a “fornada” não garante a reposição das necessidades prementes do setor.

Uma das causas para esse “desânimo” é o achatamento dos salários. Enquanto o salário mínimo foi para R$1.212,00 (mil duzentos e doze reais) o comercial, em Ipatinga, foi para apenas R$1.385,00 (Mil trezentos e oitenta e cinco reais) no início do ano. Uma diferença pouco significativa de apenas R$73,00 (setenta e três reais) que conduz uma leva de jovens a trabalhos informais, serviços de aplicativos de transporte ou entregas (Uber, Ifood, etc.) assim como serviços de internet home office.

Menor aprendiz

Considerada a melhor porta de entrada do mercado de trabalho para grande parte das pessoas de até 24 anos, o regime de aprendizagem profissional tem abrangência limitada: o número de aprendizes está na casa dos 450 mil, segundo dados da agencia senado. Contudo, a legislação de aprendizagem profissional é alvo de propostas para ser modernizada no Congresso Nacional.

Empresas de médio e grande porte devem contratar jovens com idade entre 14 e 24 anos como aprendizes, com contrato de trabalho de até três anos. O objetivo é capacitar os estudantes na instituição formadora e na empresa, combinando formação teórica e prática.

Pelas regras atuais, as empresas devem ter entre 5% e 15% de aprendizes em relação ao número de funcionários cujas funções demandam formação profissional metódica. O aprendiz além do intervalo de idade supra, deve estar matriculado a partir do 9º ano do ensino fundamental/Educação de Jovens e Adultos (EJA) ou já́ ter concluído o ensino médio.

Modernização da legislação

O país tem cerca de 450 mil aprendizes. Desses, 60,4% trabalham em áreas administrativas – funções menos especializadas e que logo deverão ser automatizadas. Isso contribui para os baixos níveis de empregabilidade: apenas 44% estão empregados um ano depois de encerrado o contrato; só 14% na mesma empresa e 7% na mesma ocupação.

Para o Serviço de Apoio à Micro e Pequenas Empresas, Sebrae, dados como esse indicam que o programa precisa ser modernizado para que jovens profissionais sejam efetivamente formados para o mercado de trabalho, com excelência, abrindo oportunidade de contratação definitiva ao fim da aprendizagem.

Para mitigar essa disfunção na empregabilidade dos jovens, tramita no Congresso o projeto de conversão em lei da Medida Provisória (MP) 1.116/2022, publicada no início de maio. A MP tem o objetivo, dentre outros pontos, de ampliar o acesso de adolescentes e jovens ao mercado de trabalho por meio da aprendizagem profissional; garantir o cumprimento integral da cota de aprendizagem profissional; ofertar incentivos para a regularização da contratação de aprendizes; e estabelecer procedimento especial para regularização da cota de aprendizagem profissional dos setores que apresentem baixa taxa de contratação de aprendizes.

Para tanto, a Medida Provisória prevê, por exemplo, a possibilidade de aproveitar a carga horária de qualificação prévia na parte teórica da formação profissional de aprendiz, caso ele tenha concluído o curso na mesma área em até um ano antes do contrato da aprendizagem; e o incentivo para continuidade dos estudos ao permitir a prorrogação do contrato da aprendizagem por mais um ano para aqueles que prosseguirem com uma formação, como uma graduação tecnológica, na área de atuação.

Recrutadores

Em franco crescimento em nossa região, os provedores de internet sofrem com o “turn-over” e a ampliação de infraestruturas. São mais de 20 pequenos provedores que passaram a ressentir-se da falta de profissionais. Também, os escritórios de contabilidade e áreas de apoio administrativo dentro das grandes empresas sofrem desse ausência de candidatos às vagas que teimam em permanecerem abertas. Em entrevista recente a Negócios Já!, Célio Pavione, presidente do Sindicato dos Contabilistas do Vale do Aço, Sindcont, ecoou o problema que escritórios de associados tem passado com a ausência de Auxiliares fiscais e de departamento pessoal, dois profissionais imprescindíveis ao segmento.

Outro setor que mesmo durante a pandemia manteve-se em crescimento em nossa região é o da construção civil. No bairro Horto, em Ipatinga, o processo de verticalização não para. De coração financeiro a centro empresarial, identifica-se, nesse momento 03 empreendimentos simultâneos. Com isso, as reformas de casa e pequenas construções perderam seus trabalhadores autônomos. Os que permanecem, não negociam diárias inferiores a R$300,00 (trezentos reais), valor inflado pela ausência até de serventes, o que além de encarecer a empreitada, atrasa ainda mais a entrega dos serviços.

Reforma do Alto Forno 3

“Nada que não esteja ruim que não possa ser piorado”. O provérbio inglês traduz o atual momento de “apagão de mão de obra”, sobretudo, no Vale do Aço. Uma concorrência que aumentará o desafio de aquisição o ou retenção de colaboradores tanto no comércio quanto na prestação de serviços é a cooptação desses para o grande projeto das duas últimas décadas da Usiminas que é a reforma do Alto Forno 3. Já no segundo semestre, profissionais já estão sendo recrutados para serviços pré-reforma necessários para o “start” das intervenções no equipamento. Serão aproximadamente 9.800 postos de trabalho que serão gerados no pico da obra cujo inicio está previsto para abril de 2023. A Usiminas Mecânica, empresa pertencente ao conglomerado siderúrgico Usiminas, capilarizou em diversos estados recrutadores para mapear profissionais como soldadores, maçariqueiros, montador de andaimes, mecânicos montadores entre outros.

Trilhas do futuro

A Usiminas Mecânica em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, Senai e o programa “Trilhas do futuro” buscam, desde o início do ano, a formação de profissionais para atender diversas demandas entre elas das próprias empresas fornecedores do segmento metalomecânico que está muito aquecido. Além do ensino gratuito, alunos recebem valores para fazer face ao transporte e alimentação. Ainda assim, observa-se evasão de alunos, o que tem se tornado a dor de cabeça ainda maior. Pelo visto, a conta não vai fechar, a não ser que o Brasil pós-eleições aponte que a euforia foi obra de uma recuperação econômica artificial.

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