“Há uma migração de um mundo antes globalizado para uma regionalização, onde muitas indústrias precisam lidar com o custo da produtividade. Com os anos, nós passamos de um mundo onde sobrava tudo, para um com limitações, como a segurança alimentar, segurança energética e segurança tecnológica. O Brasil tem tudo isso. O grande desafio é a redução dos custos”. Com essas palavras proferidas na moderação de André B. Gerdau Johannpeter, Conselheiro do Instituto Aço Brasil e Vice-Presidente Executivo do Conselho de Administração da Gerdau foram abertos os trabalhos Congresso Aço Brasil 2022 realizado nessa semana, em São Pulo, com o primeiro painel “A Nova Ordem Econômica Mundial: Impactos nas Cadeias Globais”.
Com a presença do presidente Jair Bolsonaro, do ministro da Economia Paulo Guedes e do Ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, após 2 anos, o Instituto Aço Brasil retornou a reunir os principais stakeholders da indústria do aço para debater as perspectivas e a importância do setor para a economia brasileira.
O atual presidente do Conselho Gestor do instituto, Marcos Faraco, destacou a importância da retomada do evento em seu formato presencial, com a possibilidade do acesso online em 2022. Ele lembrou que o setor prevê investir R$ 52,5 bilhões até 2026 em modernização e aumento de produtividade. Ainda segundo Faraco, o setor siderúrgico enfrentou, de forma resiliente, os desafios que se apresentaram nos últimos dois anos: A pandemia que reduziu em mais de 70% a demanda por produtos provenientes da indústria do aço e o reflexo negativo, para o segmento, das restrições de circulação na China e a guerra Rússia x Ucrânia, com impactos sentidos, em sua avaliação, não apenas no Brasil, mas em todas as economias do planeta. “A indústria do aço permaneceu firme, mantendo um forte relacionamento com todos os setores da economia, principalmente o da construção civil”, afirmou.
Eleições 2022
O cenário político atual e pós eleições 2022 foi tema da conferência que deu início ao segundo e último dia do Congresso Aço Brasil 2022. Ministrada pelo advogado, jornalista e cientista político Murilo de Aragão, a palestra contemplou os desafios institucionais enfrentados pelo Brasil nas últimas décadas, a polarização dos eleitores, a imprevisibilidade do resultado das urnas e as expectativas para um cenário de governo a partir dos dois candidatos mais bem colocados nas pesquisas eleitorais.
O cientista político afirmou que, atualmente, o poder do presidente encontra-se mais diluído do que se verificava uma década atrás, nas figuras dos presidentes da Câmara, do Senado, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Banco Central, além do Ministro da Economia.
“Temos um passado que vem, institucionalmente, repleto de eventos que não foram comuns, dentro da trajetória política brasileira. Nós tivemos reformas extraordinárias instauradas desde 2016, que mudaram o protagonismo do presidente para um modelo mais próximo do semipresidencialismo. Esse cenário traz uma possibilidade: baixa probabilidade de terceira via, polarização ativista e decisão em segundo turno”, avalia.
Para Aragão, a imagem passada por nossos representantes no exterior assegurou que instituições privadas sérias mantivessem o interesse em investir no Brasil.
Leite toma posse
Durante o congresso, Sergio Leite, tomou posse como vice-presidente do Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil. Atualmente ele é o presidente do Conselho da Usiminas. O executivo já foi presidente do Conselho Gestor no período de 2018 a 2020.
Outros temas
No primeiro dia de realização (23), o Congresso Aço Brasil 2022 contou com mais de 780 participantes. Ainda o evento contou com painéis de debates. Destaca-se “o impacto no valor de mercado das empresas e o futuro da indústria brasileira do aço”. O congresso do Aço Brasil é realizado anualmente no mês de agosto e,para 2023, o local ainda não foi definido.