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Presidente da CBF é afastado após acusação de assédio sexual e moral

O Comitê de Ética da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) decidiu afastar por 30 dias o presidente Rogério Caboclo. A decisão saiu neste domingo e a entidade já foi notificada. A situação do dirigente ficou delicada após denúncia de uma funcionária que acusa o mandatário de assédio sexual e moral.

Agora a CBF será comandada pelo vice-presidente mais velho, Antônio Carlos Nunes. Ele ficará no comando durante o período de afastamento e uma reunião na entidade no Rio de Janeiro nesta segunda-feira com diretores e vice-presidentes, deve definir detalhes dos próximos passos.

“A CBF informa que recebeu na tarde deste domingo, 6, decisão da Comissão de Ética do Futebol Brasileiro suspendendo temporariamente (pelo prazo inicial de 30 dias) o Presidente Rogério Caboclo do exercício de suas funções. Seguindo o Estatuto da entidade, toma posse interinamente, por critério de idade, o vice-presidente Antônio Carlos Nunes de Lima. A decisão é sigilosa e o processo tramitará perante a referida Comissão, com a finalidade de apurar a denúncia apresentada”, diz a entidade em nota.

Desde as acusações contra Caboclo, a situação do cartola ficou difícil e sua posição passou a ser criticada inclusive por patrocinadores de peso. Ao mesmo tempo, ele costurava apoio para a realização da Copa América no Brasil, inclusive com o governo federal, e entrava em rota de colisão com jogadores da seleção e o técnico Tite, que não são favoráveis ao evento no País.

Investigação

A mulher alega que Caboclo chamou-a de “cadela” e tentou forçá-la a comer um biscoito de cachorro. Em outra oportunidade, perguntou se ela se masturbava. Durante reunião com outros dirigentes da CBF, o presidente teria inventado relacionamentos da funcionária com pessoas ligadas à entidade. A vítima afirma que, durante todas essas condutas, Caboclo estava embriagado. Ela disse ainda que ele a orientava a esconder garrafas de bebida na entidade, para que Caboclo consumisse durante o expediente.

Essas denúncias já haviam sido narradas pela funcionária a superiores hierárquicos há cerca de um mês e meio, mas nenhuma providência foi tomada. Ao narrar os abusos, a funcionária pediu afastamento do cargo por motivo de saúde. “Tenho passado por um momento muito difícil nos últimos dias. Inclusive com tratamento médico. De fato, hoje apresentei uma denúncia ao Comitê de Ética do Futebol Brasileiro e à Diretoria de Governança e Conformidade, para que medidas administrativas sejam tomadas”, afirmou a funcionária ao site. O dirigente nega as acusações.

Conversas

A TV Globo revelou durante o programa Fantástico um áudio gravado pela funcionária na noite de 16 de março. No dia em questão, Rogério Caboclo chamou a funcionária à sua sala na sede da CBF, no Rio de Janeiro. O dirigente queria que ela tirasse a máscara e aceitasse uma taça de vinho. Ela recusou.

Desconfortável, a mulher mandou mensagens a dois diretores da CBF pedindo ajuda. Quando um deles chegou, ela saiu da sala. Entretanto, Caboclo voltou a chamá-la e ela resolveu gravar a conversa.

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A gravação faz parte da denúncia de assédio apresentada pela funcionária ao Comitê de Ética da CBF, na última sexta-feira. Antes da denúncia, o dirigente tentou fazer um acordo e ofereceu R$ 12 milhões à funcionária. Ela recusou.

A seguir, trechos da transcrição revelados pela Globo:

Rogério Caboclo: Seu coração tá no cabeção ou no pilotão (Nota da Redação: funcionários da CBF)?

Funcionária: Em nenhum dos dois.

Rogério Caboclo: Em quem está?

Funcionária: Não tá em ninguém, é verdade. Mulher consegue ficar bem sozinha.

Rogério Caboclo: Eu conheço minha mulher há 26 anos… Já apaixonei, pirei por amor.
[…]

Rogério Caboclo: Eu tinha te jurado que eu não ia falar sobre assuntos particulares. Ela tem a buceta dela e eu tenho o meu pau […] Eu sou horroroso?

Funcionária: Chefe, eu não vou entrar no assunto da vida sexual de vocês [ri constrangida].

Rogério Caboclo: […] Ela vai fazer ginástica, vai voltar tesuda […]

Funcionária: Então, todo mundo… deixa ela ser feliz.

Rogério Caboclo: Sabe o que eu sou contra? Nada […] Você quer uma taça de vinho? […] Não… se não parece que eu tô louco […] Posso te fazer uma pergunta?

Funcionária: Chefe, não vou me meter na sua vida sexual seu e da […]. Não vou, não vou.

Rogério Caboclo: Não é isso. É na sua [vida pessoal].

Funcionária: Deixa a minha [vida pessoal] quietinha.

Rogério Caboclo: Você consegue resistir ao […] todo dia dando em cima de você?

Funcionária: Consigo, nós somos amigos. Acabei de falar, consigo, ponto, nós somos amigos. E tá tudo bem, tá tudo certo, nós somos amigos, a gente se dá bem, ele no sofá, eu no quarto e tá tudo bem. (Nota da Redação: aqui, a funcionária fala sobre um colega de trabalho com quem divide apartamento).

Rogério Caboclo: Eu não acredito.

Funcionária: Eu não tenho por que mentir, não.

Rogério Caboclo: Tá bom. Segunda pergunta. Posso?

Funcionária: Fala.
[…]

Rogério Caboclo: Você se masturba?

Funcionária: Chefe, tchau.

Rogério Caboclo: Ei…

Funcionária: Não quero falar disso, não quero. Eu vou avisar ao […] que você tá lá embaixo.

A defesa de Rogério Caboclo enviou à Globo e ao GE a seguinte nota:

“Rogério Caboclo nega veementemente ter cometido qualquer ato de assédio. Embora ele reconheça que houve brincadeiras inadequadas e excesso de intimidade, é preciso deixar claro que essas decorreram do fato de que havia uma relação de amizade entre ambos, que a denunciante esteve várias vezes na casa dele, convivia com sua família e que ambos conversavam com frequência sobre assuntos de natureza pessoal. Mas jamais ele se aproximou fisicamente da denunciante, menos ainda fez qualquer movimento ou proposta no sentido de se aproveitar de forma libidinosa dela. Denunciante omite o fato de que, por várias semanas, negociou acordo em torno da questão, e até constituiu advogado para tanto, tendo feito pedido inicial de 12 milhões de reais, em troca da não divulgação da gravação. Estranhamente, acabou por fazer a denúncia, três meses após a data em que realizou a gravação, e em dia de jogo oficial da Seleção Brasileira. Minutas de acordo foram comprovadamente trocadas, mas, ao que parece, ao final, a denunciante não se contentou com seus termos”.

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