Aumenta o percentual de pequenos negócios mineiros que conseguiram crédito

Aumentou o índice de pequenos negócios mineiros que conseguiram empréstimos bancários até o início deste ano em relação ao final de 2020. De acordo com a 10ª edição da pesquisa “Impactos do coronavírus nos pequenos negócios”, feita pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), dos 42% entrevistados que buscaram ajuda financeira, quase a metade (42%) conseguiram o recurso. O estudo, realizado com 497 mineiros, entre os dias 25 de fevereiro e 1º de março, faz ainda uma análise dos efeitos causados pela pandemia que atingiram em cheio os pequenos negócios do estado.

O crédito ainda é um ponto de fragilidade e ao mesmo tempo de esperança para os donos de pequenos negócios mineiros. Questionados sobre qual seria a medida governamental mais importante que poderia compensar os efeitos da crise no empreendimento, 42% dos entrevistados do estado responderam que seria a extensão das linhas de créditos com condições especiais, como por exemplo, o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), iniciativa do Governo Federal destinado ao desenvolvimento e o fortalecimento dos pequenos negócios.

“Em 2020, o Pronampe concedeu mais de R$ 37,5 bilhões em empréstimos, abrangendo cerca de 517 mil empreendedores brasileiros. Neste cenário de crise econômica e sanitária que vivemos, medidas governamentais e políticas públicas, que facilitam o acesso ao crédito e dão um tratamento diferenciado às micro e pequenas empresas, são essenciais. Temos que lembrar que esses empreendimentos correspondem a mais de 99% das empresas e são responsáveis por quase 60% da geração de empregos no estado, sendo sinônimo de sustentação, transformação e desenvolvimento da economia”, justifica o Superintendente do Sebrae Minas, Afonso Maria Rocha.

Apesar de ter reduzido o percentual de empresários mineiros que buscaram crédito, de 48% dos entrevistados, em novembro de 2020, para 42%, no início de março deste ano, a última pesquisa revelou que houve aumentou de 8% no índice de donos de negócios que conseguiram o recurso financeiro, passando de 34% dos entrevistados (em nov/2020) para 42% dos donos de negócios no estado (em mar/2021).

“Em outro dado, notamos que houve um aumento de 4% dos entrevistados que afirmaram não terem dívidas ou empréstimos a serem pagos. Isso mostra que os donos de pequenos negócios mineiros estão mais cautelosos diante o momento de instabilidade econômica provocada pela pandemia”, explica o Superintende do Sebrae Minas.

Primeiros meses  

Mas, 2021 não começou bem para os pequenos negócios mineiros. A queda no faturamento foi notada por 79% dos entrevistados, 5% a mais que o percentual de entrevistados que sentiram o mesmo impacto nos rendimentos, se compararmos a última pesquisa realizada em novembro do ano passado. A consequência foi imediata, 11% dos entrevistados tiveram que demitir nos últimos 30 dias, aumento de três pontos percentuais dos que afirmaram ter tomado essa decisão no final de 2020.

“Um dos motivos para essa piora pode ser atribuído a intensidade da segunda onda do Covid-19, já que vários municípios do estado tiveram que reduzir parcialmente ou totalmente a circulação de pessoas nas ruas, provocando o fechamento temporário ou com mudanças no funcionamento do negócio. Também temos que lembrar que não houve o Carnaval, período em que muitos empreendedores conseguem ganhar um extra, aumentando o faturamento”, afirma Afonso Maria Rocha.

Fechamento do ano 

Assim como esperado, os reflexos negativos da pandemia na economia foram inevitáveis em 2020. Para a maioria dos mineiros (68%), nem mesmo as datas comemorativas como a Black Friday, réveillon e até mesmo o Natal, período mais importante para o comércio, conseguiram reverter o quatro de perdas, principalmente, em relação à queda nas vendas de final de ano, que foram piores que 2019 para 66% dos entrevistados.

Sobre as expectativas de quanto tempo vai demorar para que a situação da economia do país volte ao normal, os donos de negócios mineiros são ainda mais cautelosos e acreditam em uma possível recuperação apenas no segundo semestre de 2022.

Pesquisa Impacto do Coronavírus nos pequenos negócios – Minas Gerais 

 

10ª ed (fev/21) 

9ª ed (nov/20) 

 

Como está a restrição de circulação de pessoas no seu município nesse momento? 

34%

15%

Lockdown (fechamento total)

5%

1%

Em processo de reabertura/aberto

54%

78%

Não teve restrição

7%

7%

A sua empresa está funcionando neste momento? 

Estamos funcionando da mesma forma que antes da crise

17%

18%

Estamos funcionando com mudanças por causa da crise

63%

66%

Estamos com o funcionamento interrompido temporariamente

16%

12%

Decidimos fechar a empresa de vez

4%

4%

Como o seu negócio está sendo afetado pela crise do coronavírus em termos de faturamento mensal, em relação a um mês normal? 

Aumentou

10%

11%

Diminuiu

79%

74%

Permaneceu igual

9%

12%

Não sabe ainda / não quis responder

2%

3%

Qual foi a variação percentual do volume de vendas dessa última semana em relação a uma semana normal? 

Diminiu

-50,3%

-51%

Aumentou

39%

39%

Variação média faturamento semana

-37%

-39%

Você vende utilizando redes sociais, aplicativos ou internet (por exemplo, Whatsapp, Facebook, Instagram, etc.)? 

Sim

68%

71%

Não

32%

29%

Nos últimos 30 dias você teve que DEMITIR funcionários de carteira assinada (CLT) por causa da crise do coronavírus?

Sim

11%

8%

Não

33%

48%

Não tem funcionários

56%

43%

Quantos funcionários de carteira assinada (CLT) você demitiu nos últimos 30 dias?

2 funcionários

2 funcionários

Nos últimos 30 dias sua empresa CONTRATOU algum funcionário de carteira assinada (CLT)? 

Sim

12%

11%

Não

88%

89%

Quantos funcionários de carteira assinada (CLT) você contratou nos últimos 30 dias? 

2 funcionários

2 funcionários

Como estão as dívidas/empréstimos da sua empresa no momento? 

Temos dívidas/empréstimos e estamos em dia

31%

35%

Temos dívidas/empréstimos e estamos em atraso

31%

31%

Não temos dívidas/empréstimos

38%

34%

Desde o começo da crise, você já buscou empréstimo bancário para a sua empresa?           

Sim

42%

48%

Não

58%

52%

E o que aconteceu com o seu pedido de empréstimo?           

Consegui o empréstimo

42%

34%

Estou aguardando uma resposta

7%

10%

Não consegui o empréstimo

51%

56%

Qual das seguintes frases representam melhor a situação que você vive agora? 

Os desafios provocaram mudanças que foram valiosas para o meu negócio

27%

26%

Animado com as novas oportunidades

12%

12%

Ainda tenho muitas dificuldades para manter meu negócio

53%

50%

O pior já passou

8%

12%

Como foram as vendas de fim de ano de 2020? 

Melhores que 2019

20%

Piores que 2019

66%

Iguais que 2019

14%

Em qual das festas de fim de ano sua empresa faturou mais?

Black Friday

5%

Natal

23%

Réveillon

4%

Essas datas não impactaram meu negócio

68%

Como foram as suas vendas no carnaval de 2021?

Melhores que 2020

8%

Piores que 2020

74%

Iguais que 2020

18%

Quanto meses o(a) Sr(a). acha que vai demorar para a situação da economia voltar ao normal? 

1 ano e 7 meses

Em 2020 como ficou faturamento da sua empresa?

Melhor que em 2019

19%

Igual a 2019

9%

Pior que em 2019

65%

Não sabe ainda/não quis responder

7%

Em 2021, qual seria a medida governamental mais importante, que o governo poderia fazer para compensar os efeitos da crise no seu negócio?

Moratória (adiamento) do pagamento de dívidas (empréstimos, aluguel, água, luz, etc.)

12%

Extensão do Auxilio Emergencial

31%

Adiamento dos pagamentos dos impostos

9%

Extensão das linhas de créditos com condições especiais (p.ex: Pronampe)

42%

Auxilio para redução e suspensão de contratos de trabalho

6%

 

FONTE: SEBRAE

LEIA TAMBÉM

LEIA TAMBÉM

O fim de uma era: Bretas encerra atividades no Vale do Aço

Neste domingo, 11 de maio, a rede de Supermercado Bretas, outrora dominante na região, encerrou oficialmente suas operações no Vale do Aço. As unidades de Ipatinga, Coronel Fabriciano e Timóteo serão assumidas pela rede de Supermercados BH, que inicia a administração já nesta segunda-feira, dia 12. A previsão é que as lojas reabram ao público na próxima quinta-feira, dia 15, já com nova identidade visual e mudanças operacionais que vêm sendo aguardadas com expectativa. No sábado, véspera do fechamento, a reportagem do Conex10 visitou duas das unidades da rede (Centro de Ipatinga e Caravelas) e o cenário era de tranquilidade, mas de clima total de fim de ciclo. Corredores quase vazios, poucos carrinhos sendo empurrados e um silêncio que contrastava com a movimentação típica de um final de semana. As prateleiras estavam abastecidas, mas clientes e funcionários em ritmo de despedida indicavam a conclusão de uma trajetória que marcou a história do comércio varejista da região por mais de três décadas. Funcionários ouvidos pela reportagem, que preferiram não se identificar, disseram que a maioria continuará empregada, agora sob a bandeira do BH. “A expectativa é boa. Sabemos que o BH está em expansão, e esperamos que venham novos tempos, com melhorias e mais estrutura”, disse um funcionário com anos de casa e que confirmou sua permanência neste primeiro momento. Outro acrescentou: “A gente sente um misto de tristeza mas de esperança. O Bretas foi importante, mas chegou a hora da virada.” Entre os clientes, muitos expressaram sentimentos nostálgicos. A dona de casa Maria Aparecida Nogueira, cliente fiel há mais de 20 anos, lamentou o fim. “Fiz minhas compras aqui por anos e anos. É triste ver tudo acabar assim.” Já o economista aposentado João Batista Oliveira lembrou que o setor supermercadista mudou muito nos últimos 15 anos. “Depois que deixou de ser dos donos, o serviço piorou, os preços subiram, e os concorrentes, alguns até menores e outros gigantes do setor, tomaram conta.” A estudante Larissa Abelardo comentou que, mesmo sentindo saudades, está curiosa para ver o que a nova rede trará. História de sucesso e ocaso comercial  Fundado no final dos anos 40 em Santa Maria do Itabira, o Bretas chegou ao Vale do Aço com sua primeira loja em Timóteo, em 1988, no bairro Centro-Norte (Acesita). Posteriormente, a empresa trouxe sua sede administrativa para a região, expandindo sua presença para até dez lojas nas três principais cidades. No entanto, com a chegada de novos concorrentes e mudanças na gestão, após a venda para o grupo chileno Cencosud, em 2010, o Bretas foi perdendo espaço e força e, pior que isso, não esboçou nenhuma reação no sentido de recuperar este lugar. O encerramento de suas atividades neste domingo sela a conclusão de uma trajetória, mas também marca o início de uma nova fase no varejo regional. O Bretas teve sua venda ao BH anunciada em 7 de fevereiro. No Vale do Aço, a noticia foi dada em primeira mão pela Rádio Jovem Pan. O acordo girou em torno de R$ 716 milhões, envolvendo as lojas localizadas em Minas. Apesar do valor expressivo, ele é 47% menor em relação ao que o Cencosud pagou em 2010, quando comprou o Bretas por R$ 1,35 bilhão. Apesar do valor menor, o novo controlador leva uma operação ligeiramente maior. Há 15 anos, eram 45 unidades em Minas Gerais, além de oito postos de combustíveis e um centro de distribuição, localizado em Contagem. Atualmente, integram a negociação 62 lojas em território mineiro, além dos mesmos oito postos e o centro de distribuição. O Cencosud seguirá operando o Bretas em Goiás, onde mantém 26 unidades. Quando foi vendido ao Cencosud, o Bretas era líder isolado em Minas Gerais no setor supermercadista e ocupava o 7º lugar no ranking da Abras. Nas mãos do gruo chileno,  além de crescer muito pouco organicamente, os chilenos viram os concorrentes ganharem terreno. Hoje, o BH tomou essa liderança, com grande folga, além de ocupar o 4º lugar nacionalmente. O Cencosud vem caindo no ranking ao longo dos últimos anos e, com esta venda, pode perder mais uma posição para outro mineiro: o Mart Minas.

Leia mais