O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio de Janeiro (CRMV-RJ) desmistifica a matéria veiculada na mídia nesta segunda-feira (19), com o título “Gato com Covid é o 1º caso no Brasil”. O Conselho destaca que não há evidências científicas de que animais de companhia são fontes de transmissão para humanos.
O animal é de Cuiabá, no Mato Grosso e teria – segundo as publicações – contraído a doença de seus tutores. Observa-se que é necessário corrigir o título da matéria, pois a termo Covid se refere a doença ocasionada pelo SarsCov-2, que não foi descrita em animais.
O médico-veterinário Paulo Abilio Varella Lisboa, que é membro efetivo do comitê gestor de Tecnologia e Inovação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e que faz parte do Projeto de Saúde Única do instituto, explicou que a detecção do vírus em animais não caracteriza a doença e não configura até a presente data risco para pessoas e outros animais.
“Importante considerar que, ao longo dos últimos 10 meses, onde a pandemia teve mais de 40, 2 milhões de casos no mundo (5,2 milhões no Brasil), com mais de 1,1 milhões de óbitos (153 mil no Brasil), segundos dados do John Hopskisn e do MonitoraCovid/Fiocruz. Com uma população mundial aproximada de 470 milhões de cães e 370 milhões de gatos, segundo o site de análise e pesquisa do mercado pet global Statistas, as informações da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) mostraram pouco mais de 25 notificações oficiais e confirmadas da infecção de SarsCov2 em animais e publicou orientações sobre os casos, metodologias e notificações. Isto confirma todo um conjunto de informações já publicadas sobre o baixo risco de infecção por SarsCov2 e do desenvolvimento de Covid em animais, principalmente do risco de transmissão de Covid de animais para o homem”, declarou.
O especialista ainda acrescentou que é importante apoiar os estudos e inquéritos em curso sobre o tema em animais, para entender mais sobre esta grave doença mundial e suas interrelações com o conceito de One Health. Entretanto, até a presente data, não existe evidência científica que possa considerar o risco de transmissão de animais para o homem. Devemos e podemos afirmar que ter cães e gatos não configura risco de transmissão e infecção, e que de maneira nenhuma devem ser abandonados ou sofrerem maus tratos ao apresentarem sintomas gerais associados a gripes ou em estado assintomático. Os animais, inclusive, neste momento de pandemia ajudou em todas as questões de isolamento social e depressão.
“Todos os cuidados de isolamento social relacionados a pessoas assintomáticas ou sintomáticas devem ser mantidos, inclusive dos pets dentro de casa. Isso não é uma informação nova e deve ser feita de forma geral com diagnóstico de Covid. O isolamento dos animais também é uma recomendação da Organização Mundial de Saúde”, emendou.
A também médica-veterinária Maria Alessandra Martins Del Barrio (CRMV-SP 09253), ainda explicou que é necessário verificar o local que foi realizado o teste e de onde foi a colheita do material, já que não há descrições pontuais de como o procedimento de avaliação ao animal foi feito. Ela acrescentou que os animais de companhia podem desenvolver sintomas brandos da doença quando contaminados, mas não desenvolvem síndrome respiratória aguda.
“Eventualmente, os animais que foram infectados tiveram manifestações clínicas compatíveis com doenças do trato respiratório anterior, ou seja uma rinite, uma rinosinusite, até uma traqueite ou uma traqueobronquite, um pouco mais intensas, mas com auto resolução. Os mecanismos replicatórios da doença sofrem algum impacto nas diferentes espécies, porque os mecanismos replicatórios também precisam de alguns kits específicos para que acontecam exatamente para a melhor forma para o vírus. Por isso que os nossos pacientes não fazem doenças tão graves. Não tem risco de saúde para humano. O que foi feito em laboratório foi reproduzido de maneira para verificar a infecção de indivíduo a indivíduo. Um gato não consegue eliminar uma grande quantidade de partículas virais suficientes para acabar causando problema para um ser humano”, finalizou.
FONTE: http://www.crmvrj.org.br/nota-de-esclarecimento-desmistificando-a-materia-gato-com-covid-19-e-o-1-caso-no-brasil/