18/8/2020 –
Com menos de uma década de existência no Brasil, as fintechs de crédito, que apenas em abril de 2018 foram contempladas com a possibilidade de atuação independente, ou seja, sem vinculação com um banco, ganharam força em meio à pandemia.
Nesta nova realidade imposta pela necessidade de isolamento, as pessoas passaram a utilizar a internet para tudo, e esse movimento ficou claro em pesquisa do Instituto Locomotiva. Das pouco mais de duas mil pessoas entrevistadas em 72 cidades de todos os estados brasileiros, 10% não compravam pela internet e passaram a fazê-lo na quarentena. Outras 45% já compravam online e adquiriram o hábito de comprar ainda mais nesse período. Por fim, 24% já compravam e continuaram consumindo o mesmo volume.
Esse comportamento foi igualmente observado em relação aos serviços financeiros, como contratação de crédito. Com um modelo de negócio digital, que utiliza os canais online para ofertar e viabilizar a contratação de empréstimos, as fintechs de crédito apresentam uma vantagem competitiva no atual ambiente de negócios. E a tendência é que esse cenário se fortaleça ainda mais passada a crise.
Isso porque, independentemente da forma de atuação, as fintechs – não apenas de crédito como de outras atividades financeiras, com destaque para as de pagamento – se beneficiam de um ambiente de estímulo à inovação instaurado nos últimos anos e que segue forte em 2020. O Banco Central, por meio da Agenda BC#, trabalha para modernizar o sistema financeiro com regulações e projetos que combatem a concentração e colocam o cliente como protagonista.
O Open Banking e o PIX, sistema de pagamentos instantâneos, por exemplo, estão prestes a se tornar realidade. Mesmo neste período desafiador de pandemia, ambos não tiveram seu desenrolar interrompido, o que demonstra o compromisso da autarquia federal com essas reformas estruturantes.
“Por meio da tecnologia e da inovação, as fintechs de crédito oferecem produtos e serviços financeiros customizados ou personalizados para diferentes perfis de consumidores – pessoas físicas e jurídicas. Quando olhamos para os fundos de capital de risco, eles estão em busca de oportunidades de investimento. Em nossa visão, a digitalização mais rápida dos negócios faz o lado tecnológico das fintechs muito mais atrativo para os investidores, como os fundos de capital de risco”, afirma Rafael Pereira, presidente da Associação Brasileira de Crédito Digital (ABCD).
“A consolidação é um processo natural e ocorre em todos os mercados. Inicialmente, vem a inovação ou, na palavra da moda, disrupção, com alguns players na dianteira. Depois, na sequência, surgem concorrentes com a mesma proposta de negócio ou com alguma diferença não percebida pelos pioneiros”, pontua. “Como última etapa, o mercado se consolida com os players sobreviventes, que absorveram ou compraram quem estava em dificuldade ou optaram pela fusão para tornar a operação viável”, finaliza Pereira.