20/8/2020 – Justamente no período da pandemia, o número de entregadores aumentou muito.
Maior player dos aplicativos de refeições por delivery anuncia reestruturação no relacionamento com os entregadores, indicando tendência do setor.
Um dos mais importantes debates a respeito da relação entre a adoção de novas tecnologias e qualidade de vida está centrada no mundo do trabalho. Do ponto de vista do consumidor, as facilidades de escolher produtos, fazer compras e receber o que se deseja no conforto do lar são inegáveis. Por outro lado, os novos hábitos criaram relações de trabalho mais instáveis para uma legião de entregadores em todo o mundo. E, justamente no período da pandemia, o número de entregadores aumentou muito.
A maior empresa de delivery do mundo (fora da China), a Just Eat Takeaway, viu seus pedidos aumentarem 34%, para 149 milhões, no primeiro semestre deste ano, em seus três principais mercados, Reino Unido, Alemanha e Holanda. Recentemente, um acordo de US$ 7,3 bilhões com a rival Grubhub, dos Estados Unidos, foi anunciado pela empresa, seguindo-se a outra fusão, de £ 5,9 bilhões, com a Just Eat do Reino Unido, firmado em janeiro deste ano. Para se ter uma dimensão do tamanho do negócio, no primeiro semestre, a Grubhub, que opera em 4 mil cidades dos Estados Unidos, recebeu uma média de 581.700 pedidos por dia.
Esta semana, o principal acionista da empresa anunciou que está elaborando um grande plano para melhorar as condições de trabalho dos entregadores, e tornar seus contratos mais estáveis. Na Europa, principal base da empresa, em médio prazo não haverá mais aquilo que o jargão do setor chama de “gig works”, os trabalhadores que ganham apenas por entrega, e não têm benefícios como férias remuneradas. O modelo freelance, segundo a empresa, não deve desaparecer completamente em todos os países se for viável pagar um seguro para eles que compense os benefícios formais, mas deve ser bem diminuído e condicionado de qualquer maneira. As circunstâncias do coronavírus tornaram ainda mais necessária essa adaptação.
Os novos serviços, que foram criados pela facilidade de conexão nos últimos tempos, certamente representaram ganhos de produtividade e qualidade de vida para os consumidores, foram aprovados pelos mercados, e vieram para ficar. No entanto, quando há uma mudança tão rápida no mercado de trabalho como essa, naturalmente é preciso que se pense em ajustes para conciliar o interesse daqueles que estão na ponta de lança do serviço, enfrentando as condições das ruas. E um dos setores que mais cresce no mundo, e viu seus negócios crescerem durante a pandemia, parece estar dando passos importantes nesta direção.
Com informações: BBC Tech.