A decisão de mães que optam por terem o próprio negócio, muitas vezes, acontece como consequência da busca por uma rotina que permita conciliar: filhos e trabalho.
Um levantamento feito com 1,4 mil mulheres, do Instituto Rede Mulher Empreendedora, apontou que 75% das entrevistadas optaram por ter o próprio negócio após a maternidade.
Na classe C, esse percentual sobe para 83%. Os principais motivos: jornadas inflexíveis, falta de vagas em creches, risco maior de ser demitida e dificuldade de recolocação no mercado.
Porém, a principal motivação da maioria que empreende continua sendo a necessidade, o que representa uma realidade de 44% das mulheres no mundo, segundo um outro estudo realizado pela Global Entrepreneurship Monitor (GEM – 2018) – entre os homens a proporção é de 32%.
Mudança
Confirmando a tendência das pesquisas, a mudança de Rejane Faiolli, mãe de quatro filhos e moradora da cidade de Timóteo, aconteceu há dois anos em decorrência da necessidade e do desejo de estar ao lado dos filhos em especial a Vitória, que é portadora do Transtorno Espectro Autista (TEA).
Desde o diagnóstico, há 13 anos, Rejane passou a dedicar-se exclusivamente aos cuidados com a filha, mas o desejo de realizar-se também profissionalmente sempre existiu.
A empreendedora chegou a trabalhar durante alguns anos com o marido, que é comerciante. Porém, a vontade de estar ao lado dos filhos de forma integral foi ainda maior.
Com incentivo de familiares, Rejane decidiu criar um brechó e logo depois veio a oportunidade de trabalhar em sociedade com uma amiga no Diversas Brechó.
As peças garimpados são comercializados em feiras criativas, nas redes sociais e de porta em porta. Agora, o empreendimento se prepara para ganhar mais um formato: uma loja física, na casa da Rejane.
“Quando você tem um filho especial, a expectativa de realiza-se profissionalmente é muito baixa. Mas quando descobrimos que é possível conciliar a dedicação de mãe com a função de empreender, a gente se sente realizada. E hoje ainda tenho a oportunidade de me qualificar com o projeto Sebrae Delas”, celebra a empreendedora.
Mães no Sebrae Delas
Rejane faz parte do Sebrae Delas, um programa que contempla diversas ações com o intuito de incentivar, apoiar e fortalecer a cultura empreendedora entre as mulheres. Em todo o estado, nas nove regionais do Sebrae, o projeto atende mais de 500 mulheres, entre empreendedoras formais e informais, com diversos perfis.
No Vale do Aço, a iniciativa é aplicada pela regional Rio Doce e Vale do Aço. Das vinte e três mulheres empreendedoras assistidas atualmente pela ação, 41% são mães. Para a analista do Sebrae Minas, Vanessa Silva, a maternidade desperta em muitas mulheres, o desejo de acompanhar o desenvolvimento dos filhos de perto, o que contribui para que muitas busquem outras alternativas de trabalho.
“A mãe que começa a empreender ela não só resgata a oportunidade de estar com os filhos, como também retoma o domínio de ser mulher, empresária, o que a torna ainda mais reconhecida por tudo que ela faz. Empreender é libertador! ”, destaca a analista.