Companhia aérea anunciou a inclusão de Ipatinga para vôos diários. Agora vai?
A aérea Passaredo anunciou, semana passada, a inclusão de rota de Ipatinga para voos diários. Dois anos atrás, a empresa operou por pouco mais de dois meses (16 de outubro a 18 de dezembro de 2017) e abandonou o trecho deixando clientes, literalmente, a ver navios. Mas, afinal de contas, o que pode estar por trás desse ressurgimento de uma aérea que esteve por cinco anos em recuperação judicial, ainda tem passivo trabalhista significativo e pouca capacidade de investimento?
Vamos tentar desvendar esse mistério. A Passaredo anunciou na última quarta-feira (21) a compra de 100% da Map Linhas Aéreas, segundo o jornal Folha de São Paulo. Com a aquisição, as duas empresas, que continuarão operando de forma independente, terão 26 slots no aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Isso acontece ao mesmo tempo em que a Avianca teve seus slots no aeródromo paulistano redistribuídos pela Anac entre a Latam e a o Gol, ficando a primeira com 43,9% e segunda com 43,7% dos slots.
No entanto, fontes dão conta que uma dessas duas gigantes do ar possam estar por trás dessa negociação para que tenham maioria nos slots de Congonhas e, com isso, ganharem mais competitividade e maior participação no “Market Share”. Essas mesmas fontes sinalizam com a quitação de várias demandas trabalhistas e outras melhorias para revigorar a marca “Passaredo” (anunciam até uma atualização da marca para “Vooe Pass”).
Estrangulamento dos slots do Aeroporto Regional do Vale do Aço
Outro aspecto que pode minar as pretensões da inclusão de Ipatinga nas rotas da Passaredo é o limite de 32 voos. O aeroporto está operando com toda a sua capacidade e, pela Portaria 908, de 13 de abril de 2016, Ipatinga só pode receber 32 voos semanais, número que já está sendo usado pela Azul.
A restrição no Aeroporto de Ipatinga aparece na portaria da ANAC pelo motivo NPA (aproximação de não precisão), motivo de ter um limite máximo de voos por semana. Para que esse número seja aumentado o operador do aeroporto, no caso o Governo de Minas, precisa fazer investimentos para que a capacidade do terminal seja aumentada. Por causa da crise financeira, o governo estadual não tem planos de fazer esses investimentos.
2 anos atrás…
A época a companhia, por meio de nota, informava que realizava readequação de sua malha e suspendia de forma programada, as operações nas cidades de Uberlândia, Uberaba, Governador Valadares e Santana do Paraíso. Também, na oportunidade, muitos se engajaram para trazer a empresa para o Vale do Aço frustrando, inclusive, as pretensões do governo do Estado que esperava ganhar mais atratividade para privatizar o aeroporto em sua terceira tentativa.
A Passaredo, de forma precipitada, gerou muito alvoroço e rapidamente se tornou uma opção viável para voos que estavam sendo oferecidos pela concorrente a preços estratosféricos. No entanto, a empresa fez aposta que teria parceiros para aquisição de aeronaves e se apressou a solicitar à ANAC autorização para várias, rotas, incluindo o Vale do Aço. Sem sucesso, se viu obrigada a deixar a região após ser obrigada a devolver alguns aeronaves.
Recuperação Judicial
No ano de 2012, a empresa estava em recuperação judicial e, à época, poderia perder a autorização para operar parte de suas rotas. A Anac abriu processo administrativo em novembro daquele ano para cassar voos de 16 rotas da empresa nas quais ela excedeu o índice de cancelamentos de voos permitido pela legislação do setor. Em 2017, esteve sob o comando do grupo Itapemirim que, no ano seguinte, por não cumprir exigências pré-acordo, o negócio foi cancelado voltando à família Felício, de Ribeirão Preto.
O que são “Slots”
É um termo usado na aviação para se referir ao direito de pousar ou decolar em aeroportos congestionados. Como unidade, um slot equivale a uma vaga que permite ao seu titular marcar um pouso ou uma decolagem em um intervalo de tempo pré-determinado. Um aeroporto como o de Congonhas é extremamente estratégico para as pretensões de qualquer aérea e, no caso, a designação para a MAC de Manaus (recém anunciada a aquisição pela Passaredo é uma forma, da Anac, de não privilegiar nenhuma das gigantes. A utilização da Passaredo como pretensão de levar vantagem de uma das gigantes é uma reflexão que o momento nos impõe.