A Vale esqueceu de informar à Defensoria Pública de Minas que, na região do Córrego do Feijão, em Brumadinho, existe uma jazida com 430 mil toneladas de minério de ferro. A área, hoje, está coberta por rejeitos e abrange vários terrenos de moradores da região. Esta informação foi negada à Defensoria, que foi o órgão responsável por firmar um termo de compromisso com a mineradora no tocante às indenizações aos atingidos pelo rompimento da barragem.
A Vale, segundo informações levantadas por Clarisse Souza, do jornal Estado de Minas, já pesquisa a área há 13 anos e, em 2010, encaminhou ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), hoje Agência Nacional de Mineração (ANM), relatório sobre a descoberta. No mês de abril passado, três meses após o crime de Brumadinho, a Vale requereu à ANM sigilo sobre o conteúdo do processo.
Os proprietários dos terrenos na região não sabiam da existência da jazida, informa Joceli Andreoli, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). O dirigente entende, agora, o porquê do acordo extrajudicial firmado entre a Vale e a Defensoria Pública prever a transferência de terrenos e edificações das vítimas indenizadas à mineradora. “Nessa terra tem minério, e isso elevaria o valor das indenizações. Isso mostra como a empresa é irresponsável e age de má-fé”, disse ele.
A ANM, por seu curso, disse que se houve pesquisa no local, o proprietário da terra permitiu o acesso da empresa para que a análise fosse realizada. Em nota para o jornal, a Vale garantiu que ‘jamais realizará atividades de exploração minerária nas áreas’ e que o recurso descoberto é ‘extremamente pequeno’.