Gerdau Mogi das Cruzes: 150 funcionários em layoff
Um ano após reabrir o setor de aciaria em Mogi das Cruzes, a Gerdau e o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes firmaram um acordo para a suspensão temporária do contrato de trabalho de 150 trabalhadores a partir da segunda quinzena de abril. O layoff, nome dado à medida garantida pela legislação brasileira, foi aprovado em uma assembleia realizada na sexta-feira última. Antes disso, a empresa adotou ações como as férias coletivas e o uso de banco de horas para enfrentar os problemas gerados pela baixa produção de aços especiais.
A Gerdau confirmou a medida e esclareceu que “o programa busca preservar os empregos existentes e consiste em licença remunerada dos colaboradores afetados, os quais, no período de afastamento, passarão por um programa de qualificação profissional. Essa decisão se deveu aos recentes movimentos da indústria automobilística no Brasil, principal consumidor de aços especiais, de conceder férias coletivas e buscar a redução de seus estoques, principalmente em razão da crise econômica argentina”. Além disso, também afirmou que o atendimento aos clientes se manterá inalterado.
Silvio Bernado, um dos diretores do Sindicato dos Metalúrgicos, informou que o layoff tenta evitar “o mal maior, que seria a demissão dessa massa de funcionários especializados”. A suspensão temporária havia sido adotada em 2015 e em 2016, pouco antes da decisão da empresa de desativar a aciaria, no auge da crise econômica, em 2017. No ano passado, em março, a Gerdau reiniciou as atividades na aciaria.
De acordo com o dirigente sindical, a medida é tomada isoladamente. “Ainda não há notícias de outras empresas do setor de peças com a mesma situação. Pelo contrário, na GM (General Motors), de Mogi, após as férias coletivas dadas para a readaptação de um dos setores produtivos, temos notícias que a empresa vai iniciar contratações. O problema é que a Gerdau enfrenta dificuldades de mercado”, comparou.
A alternativa à demissão valerá para um grupo de 150 trabalhadores, sendo que a empresa possui atualmente 286 funcionários na unidade localizada no início da Rodovia Mogi-Salesópolis.
Desde 2012, a Gerdau também opera um Centro de Distribuição em Mogi das Cruzes, instalado no Distrito Industrial do Taboão.
Como será
Em um período de três a cinco meses, os trabalhadores da aciaria terão o contrato suspenso e serão encaminhados para a realização de cursos de qualificação, no Senai de Mogi das Cruzes. E receberão a chamada ‘bolsa qualificação’. Pelo acordo firmado, segundo Silvio Bernardo, a empresa assegurou o pagamento de uma parte do salário para manter os profissionais recebendo o mesmo teto salarial, como se estivessem trabalhando. A outra parte do recurso será paga pelo FAT. “Essa foi a negociação feita pelo Sindicato, e aprovada em assembleia pela categoria”, contou.
Questionado sobre se os riscos de a empresa voltar a fechar a aciaria, Bernardo ponderou: “Infelizmente, sim, há esse receio porque o mercado de aço é instável, e ainda temos o acirramento da concorrência com a China”. Sobre a perspectiva do setor metalúrgico, neste primeiro semestre, com a mudança do governo federal, o sindicalista acrescentou que “o governo tem sido um desastre e a Reforma da Previdência, que era esperada, não atende ao trabalhador mais pobre, e não encontra consenso nem mesmo no Congresso, como temos vistos nas últimas semanas”, comentou.
Fonte: O Diário