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GM se contradiz e anuncia investimentos

GM explica investimentos e negocia novo ciclo de R$ 10 bilhões de 2020 a 2024

Empresa faz primeiro direto à imprensa desde que iniciou negociações de cortes com trabalhadores e fornecedores 

Duas semanas após ter iniciado duras negociações de cortes de custos trabalhistas e redução ou congelamento de preços com fornecedores, a GM decidiu reconhecer e explicar os investimentos de R$ 13 bilhões que afirma já ter realizado no País nos últimos quatro anos e o próximo ciclo de R$ 10 bilhões que estariam em jogo para o período 2020-2024, a depender da implantação do plano de reestruturação para conter prejuízos no País – que até agora provocou fortes reações dos sindicatos contra a montadora .

No sábado, 2, a empresa divulgou o primeiro comunicado oficial na tentativa de esclarecer os seus investimentos. O tema carecia de explicação desde o dia 18 de janeiro, quando o presidente da GM Mercosul, Carlos Zarlega, enviou e-mail aos funcionários (que por óbvio seria vazado à imprensa) para informar que a subsidiária dirigida por ele passava por momento delicado, com acúmulo prejuízos por três anos seguidos na região, o que exigia “sacrifícios de todos” para estancar as perdas (calculadas por fontes em cerca de R$ 1 bilhão só em 2017).

Zarlenga destacou que para garantir o futuro da companhia no Brasil os resultados financeiros negativos não poderiam mais se repetir. A interpretação foi de uma ameaça velada de deixar o País, tendo em vista a inclusão pelo signatário no e-mail de declarações da CEO global da GM, Mary Barra, afirmando ao jornal Detroit News que a companhia não iria mais investir em operações deficitárias.

O e-mail de Zarlenga foi o ponto de partida para o início das negociações de cortes de custos com concessionários, fornecedores e trabalhadores, além de revelar conversas com o governo do Estado de São Paulo para liberação de créditos de ICMS, calculados em torno de R$ 400 milhões, devidos à companhia por operações de exportações.

Em diversas reuniões ao longo das duas últimas semanas com representantes de governos municipais e estaduais, além das partes afetadas pelos cortes propostos, o presidente da GM Mercosul negou a intenção de deixar o País e disse o risco era o próximo programa de investimento. A empresa não se pronunciava à imprensa e informações desencontradas dos interlocutores desses encontros lançaram muitas dúvidas sobre o que estava de fato sendo negociado, se eram aportes requentados ou novos.

NOVO PROGRAMA DE INVESTIMENTO

É este ponto que a montadora tenta esclarecer: “A GM está concluindo o plano de investimento de R$ 13 bilhões no período de 2014 a 2019 (…) e está negociando condições de viabilidade para o novo e adicional investimento de R$ 10 bilhões no período de 2020 a 2024”, diz o comunicado divulgado no sábado.

“Como líderes de mercado, estamos assumindo a responsabilidade de encarar de frente os desafios de competividade que vive a indústria para viabilizar um futuro sustentável aos nossos negócios e o devido retorno aos acionistas. Continuamos trabalhando com os sindicatos, concessionários, fornecedores e governo com o objetivo de viabilizar este novo e adicional investimento de R$ 10 bilhões nas fábricas de São Caetano do Sul e São José dos Campos”, declarou Carlos Zarlenga no comunicado.

A declaração do executivo confirma que o novo programa é destinado somente às fábricas paulistas da GM, onde a empresa afirma ter custos elevados e baixa produtividade. Em São Caetano do Sul a montadora afirma já ter concluído investimento de R$ 1,2 bilhão para ampliar a capacidade de 250 mil para 330 mil veículos/ano. A planta de São José dos Campos ficou de fora do último ciclo e não recebe novos aportes desde o início desta década.

Fornecedores afirmaram a Automotive Business que já haviam assinado contratos para fornecer componentes para dois novos SUVs a serem produzidos na antiga e já modernizada planta do ABC paulista, em projeto denominado “twins”, com dois veículos derivados da plataforma GEM (sigla em inglês para “mercados globais emergentes), desenvolvida pela companhia na China. O primeiro deles (possivelmente o novo Tracker) entraria na linha de produção em dezembro próximo. Esses contratos, contudo, foram suspensos em janeiro, na tentativa de negociar preços menores ou congelados.

Também estava em negociação o desenvolvimento e fornecimento de autopeças para a nova geração da picape S10 fabricada em São José, o que também foi congelado, ainda segundo fornecedores.

Mais maduros e com menor possibilidade de reversão, estariam mantidos os investimentos nas fábricas da Região Sul: R$ 1,4 bilhão para produzir em Gravataí (RS) a partir de julho próximo a nova geração de Onix e Prisma (seus veículos mais vendidos, agora também derivados da plataforma GEM), com novos motores tricilíndricos 1.0 e 1.2, aspirados e turboalimentados, que também nos próximos meses começam a ser fabricados em Joinville (SC), onde a GM afirma ter investido R$ 1,9 bilhão para quadruplicar a capacidade de produção de 120 mil para 450 mil unidades/ano.

No comunicado enviado no sábado, a empresa confirma que o plano de investimento atual de R$ 13 bilhões de 2014 a 2019, que está sendo concluído, contempla as expansões nas fábricas de São Caetano do Sul e Gravataí, ampliação da planta de motores de Joinville, introdução de tecnologias de manufatura 4.0 nessas três unidades, além da “renovação completa da linha de produtos Chevrolet”, incluindo o desenvolvimento “de novas tecnologias de eficiência energética dentro do programa Inovar-Auto (…) e de conectividade coma nova geração do sistema multimídia MyLink e o sistema de telemática OnStar”.

A GM também destacou que graças aos investimentos realizados “alcançou os melhores resultados” de eficiência energética do Inovar-Auto, “com média de economia de combustível de 22% na linha, muito superior à média do mercado, que foi de 15,9%”, diz a nota. Com esse porcentual de redução, a montadora pôde requerer o desconto de dois pontos porcentuais do IPI dos carros que vende no Brasil.

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