Em outubro o Canadá vai legalizar o uso recreativo da maconha, num mercado que já movimenta globalmente US$ 20 bilhões por ano. Baseado neste mercado, executivos de empresas como AB InBev, Heineken, Coca-Cola e Diageo deixaram suas bebidas tradicionais de lado e foram entender como funciona esse universo. Segundo o jornal canadense The Globe and Mail, as companhias começaram uma aproximação com algumas das principais produtoras de Cannabis do Canadá.
O casamento entre companhias de bebida e produtores de maconha começou no ano passado, quando a Constellation Brands, que fabrica a cerveja Corona nos Estados Unidos, investiu US$ 191 milhões em uma fatia de 9,9% da canadense Canopy Growth. Há duas semanas, ela intensificou a aposta. Por mais US$ 4 bilhões, aumentou a participação para 38% – e, pelo acordo, tem a opção de comprar mais 139,7 milhões de ações nos próximos três anos.
A intenção das duas empresas com a união é clara. A Canopy e a Constellation estão desenvolvendo bebidas feitas à base da planta – como infusões com THC e CBD – e querem, após a legalização do uso recreativo, inundar o Canadá com esses produtos.
A Heineken já oferece, desde o mês passado, um produto semelhante – em alguns mercados específicos – por meio de sua marca Lagunitas, uma joint venture com a CannaCraft, produtora de maconha da Califórnia (foto). A americana Molson Coors também está se movimentando e fechou em agosto uma joint venture com a canadense The Hydropothecary Corporation, para buscar oportunidades nesse segmento.
A incursão das fabricantes de bebidas no universo da maconha não é difícil de entender. Enquanto o consumo da planta tem disparado nos últimos anos, principalmente entre os jovens, o uso de bebidas alcoólicas segue uma trajetória constante de queda, nos principais mercados do mundo.
Enquanto isso, as ações das empresas de maconha têm decolado nos últimos anos. O Marijuana Indissex, que acompanha a evolução dos papéis de 35 companhias listadas nas bolsas do Canadá e dos Estados Unidos, valorizou mais de 500% do início de 2016 até hoje. Com o avanço na legalização da planta em cada vez mais mercados, a tendência é que esse crescimento continue. As fabricantes de bebida não querem ver seus negócios esvaírem-se na fumaça.