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Morre o CEO que salvou a Fiat

Sergio Marchionne (foto), o empresário ítalo-canadense que dirigiu a Fiat Chrysler por 14 anos, morreu nesta quarta-feira (25) aos 66 anos. O executivo é visto como o homem que salvou a montadora. Ele se tornou diretor-executivo da Fiat em junho de 2004 e levou a montadora italiana da beira da falência à Bolsa de Nova York. Ele tocou o sino da Bolsa em 13 de outubro de 2014, para marcar a estreia da Fiat Chrysler Automobiles NV, a empresa que surgiu quando a Fiat comprou a montadora americana de Detroit. Em 2004, a General Motors chegou a pagar € 1,5 bilhão para dar fim a um acordo que previa a compra da empresa italiana e não ter que assumir as dívidas.
Quando assumiu, Marchionne foi o quinto diretor-executivo a comandar a Fiat em menos de dois anos. Ele substituiu Giuseppe Morchio, que deixou o cargo quando a bilionária família Agnelli se recusou a colocá-lo como presidente do conselho de admistração após a morte de Umberto Agnelli. Marchionne recebeu uma montadora que tinha perdido mais de € 6 bilhões em 2003. Até 2005, já tinha voltado a lucrar, ao conseguir US$ 2 bilhões de uma aliança com a General Motors, demitir milhares de trabalhadores, lançar novos modelos e reduzir o tempo de lançamento de um veículo de quatro anos para apenas 18 meses.

A compra da Chrysler deu a Marchionne “um grande senso de responsabilidade” segundo disse em uma entrevista em 2011. Seu escritório, no quarto andar da sede da Fiat, em Turim, era decorado com um poster em branco e preto com a palavra “competição” e um quadro com a famosa frase de Picasso “Todo ato de criação é, antes de tudo, um ato de destruição”.

Em seu período à frente da companhia, fez o valor de mercado da Fiat crescer em mais de dez vezes ao reestruturar o negócio automotivo e separar os ativos do grupo. Entre as separações está a da marca de luxo Ferrari NV, da qual Marchionne também era diretor-executivo e presidente do conselho de administração.

Marchionne tinha um jeito direto e informal – raramente era visto com outra roupa que não calça jeans e pulôver preto -, que se destacava numa Itália muitas vezes formal. Ele sabia como dirigir bem rápido e curtia suas várias Ferraris. “Quando se está chateado, não há nada melhor do que isso”, disse ele em 2014, em um test-drive da sua Ferrari Enzo, quando acelerou de uma velocidade de quase 200 km por hora para mais de 300 km por hora.

Abastecido por uma dúzia de cafés expressos por dia e pacotes de cigarro Murati, ele demitiu a maioria dos grandes executivos da Fiat quando assumiu e fez o mesmo na Chrysler em 2009. Ele também sabia que a velocidade pode ser perigosa. Em 2007, bateu sua Ferrari de US$ 350 mil em uma estrada na Suíça. – No negócio automobilístico, às vezes você quebra – disse ele.

Mesmo quando era criticado por políticos e sindicatos por demissões e cortes de custos, Marchionne argumentava que se mexer devagar poderia ser ainda mais perigoso. Ele defendia que tanto a Fiat quanto a Chrysler dependiam de mudanças radicais para sobreviver.

Sua saúde piorou após complicações de uma cirurgia de ombro realizada em um hospital de Zurique, na Suíça. Não foram divulgados mais detalhes sobre a morte. Marchionne já havia definido que se aposentaria em abril de 2019, mas a deterioração de sua saúde acelerou o cronograma de sucessão.

 

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