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País que perde o trem briga pelo diesel

“Pagamos mais caro por tudo porque o País não tem uma matriz de transporte mais equilibrada”

A primeira vez que teve contato com ferrovias, Guilherme Quintella tinha 20 e poucos anos e trabalhava na trading da sua família, a Cutrale Quintella, quando a empresa fez os primeiros embarques de soja pelo Porto de Santos.

Como a estatal Fepasa não tinha trens para transportar a soja do interior para o Porto, a empresa criou uma espécie de PPP (Parceria Público Provada), colocando trens próprios para rodar nos trilhos da estatal.

Mas a viagem entre Campinas e Santos, que deveria levar 10 horas, acabava demorando três vezes mais: num dado momento, o porto não estava pronto para o embarque; no outro, o trem que ia à frente quebrava, parando todo o sistema. Na época, seu pai, o empresário Wilson Quintella, fez uma profecia: “O trem só vai funcionar no Brasil quando voltar a transportar passageiros, porque a carga não vota, mas o passageiro sim.”

Quintella seguiu no trilho: participou da privatização da Rede Ferroviária Federal, da criação da Rumo, propôs ao Governo a implantação dos Trens Intercidades, um trem de passageiros que anda a 160km/h entre Americana e São Paulo, e desde 2013 lidera o projeto da Ferrogrão, a ferrovia de 1.000 km que ligará o Mato Grosso aos portos do Pará, reduzindo o custo logístico do agronegócio de Mato Grosso. Na Ferrogrão, sua Estação da Luz Participações (EDLP) é sócia das trading companies ADM, Amaggi, Bunge, Cargill e Louis Dreyfus, que juntas embarcam mais de 85% dos grãos exportados pelo Brasil e devem construir e operar a ferrovia.

Quintella também é o único brasileiro no board da International Union of Railways (UIC), que vai se reunir em Paris daqui a um mês para discutir o futuro da ferrovia no planeta. A UIC representa mais de 200 empresas que juntas operam mais de 1 milhão de quilômetros ferrovias e transportam 30 bilhões de passageiros e 12 bilhões de toneladas de carga por ano em todo o mundo.

No Brasil, as ferrovias têm um passado glorioso e um futuro ainda incerto. Em 1930, quando asfaltou sua primeira rodovia — a Washington Luiz, que liga o Rio a Petrópolis — o Brasil já operava 30 mil quilômetros de ferrovias. Hoje temos quase 2 milhões de quilômetros de rodovia no País, dos quais 250 mil quilômetros de asfalto — e menos de 10 mil quilômetros de ferrovias operacionais.

Na semana passada, Quintella conversou com o Brazil Journal.

Essa conversa está em http://braziljournal.com/pais-que-perde-o-trem-briga-pelo-diesel

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