Fazenda da Lala, no México: média de produção diária por vaca é de 38 litros de leite
A maior empresa mexicana de lácteos, a Lala, planeja investir cerca de R$ 400 milhões em suas fábricas no Brasil nos próximos dois anos. Desde 2017 a empresa controla a Vigor Alimentos, que tem nove fábricas no país, sendo quatro delas em Minas Gerais. A ideia é modernizar suas instalações brasileiras e ampliar a interação entre suas equipes dos dois países. A Lala espera levar até o fim do ano um produto já consolidado no mercado brasileiro para o México e até o fim de 2019 trazer produtos mexicanos para o Brasil.
Os investimentos para cada fábrica não foram detalhados, mas as fábricas da Vigor instaladas no Sul de Minas e na Zona da Mata serão contempladas com boa parte deste montante. O maior estado produtor de leite do país é visto como um território estratégico para a companhia mexicana. A Lala e sua controlada Vigor estão brigando na Justiça mineira pelo laticínio Itambé, que passou das mãos da Vigor para a concorrente francesa Lactalis.
As fábricas mineiras da Vigor funcionam em Lavras e São Gonçalo do Sapucaí, no Sul do estado; e Santa Rita de Ibitipoca e Lima Duarte, na Zona da Mata. A empresa tem outras três fábricas em São Paulo, uma no Rio de Janeiro e outra em Goiás.
Um dos principais responsáveis pelo intercâmbio de informações entre os mexicanos e brasileiros é João Nery, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Lala, que já era responsável pela área de novos produtos da Vigor antes de a empresa ser comprada pela grupo mexicano. Agora morando em Torreón, cidade do centro-norte mexicano onde fica a sede da Lala, Nery aposta nas inovações para que a empresa lance produtos bem-sucedidos no mercado.
Os executivos da empresa não revelam quais serão os primeiros produtos a serem lançados fruto da troca de tecnologias entre os dois países. Nery ressalta que no México, o carro-chefe da empresa é o leite (pasteurizado, longa vida e tipos especiais como o sem lactose e com mais proteínas) e sobremesas. “Já o Brasil é mais forte nos produtos agregados, como os refrigerados e queijos. Esses alimentos são o forte da Vigor. Também por dominar esse tipo de produção de derivados o Brasil é tão importante para a Lala”, afirma Nery. No ano passado, a receita da Vigor cresceu 11,5% e o lucro líquido foi R$ 26,7 milhões.
Além da troca de informações em relação às tecnologias, Eduardo Trício aposta também no intercâmbio de conhecimentos e práticas entre os produtores de leite. A Vigor conta hoje com 1,2 mil produtores, a grande maioria em Minas.
No México, em fazendas da empresa e de produtores associados nos arredores de Torreón, a média de produção diária por vaca é de 38 litros de leite, quantidade muito superior em comparação com a produtividade dos animais brasileiros. De acordo com o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2010, a média era de 7 litros de leite por dia – volume que já subiu, de acordo com produtores, para 10 a 15 litros diários nas ordenhas brasileiras. Ainda assim, em comparação com os resultados das propriedades mexicanas, a produtividade no Brasil fica bem atrás.