Vender produtos com prazo de validade próximo do fim, os chamados ‘vencidinhos’, é o novo fenômeno do comércio depois das lojas de R$ 1,99 e dos atacarejos. É mais uma maneira criativa de driblar a crise, já que o orçamento apertado nos últimos anos e agora o desemprego elevado ainda persistem. Nesse tipo de comércio os descontos podem chegar a 90%.
Ou como numa bolsa de valores, de manhã o preço é um e, à tarde, outro. O dono de uma loja voltada para esse nicho, anda negociando com o fornecedor diariamente. “Cheguei a comprar leite a dois dias de expirar a validade e vendi o litro a R$ 1.” Nesse caso, o desconto foi de mais de 50% para o consumidor em relação ao preço normal.
As lojas de médio e de pequeno portes estão embarcando na onda. Esses mercados comercializam, principalmente, marcas líderes de itens refrigerados e congelados, como iogurte, pratos prontos, salsicha, mortadela e presunto. Institutos de pesquisa e associações do setor não têm dados sobre quanto as lojas de ‘vencidinhos’ movimentam.
Elas também são chamadas de ‘Fifo’, como são conhecidas pela indústria, em alusão ao método de controle do estoque que leva em conta que o primeiro produto que entra no depósito, isto é, o mais antigo, também é o primeiro que sai – “first in, first out”.
A maioria dos itens vendidos nessas lojas, normalmente localizadas fora da área de influência das grandes redes de supermercados, é o encalhe da indústria. A sobra de mercadorias nos depósitos das fábricas ocorre porque os fabricantes erraram a mão nas quantidades produzidas ou porque determinado item não emplacou.
O segredo desse tipo de negócio está em calibrar o tamanho do desconto com o prazo de validade para vender rapidamente grandes quantidades e zerar os estoques. Algumas dessas lojas só vendem à vista, pois têm prazo curto, no máximo de uma semana, para pagar a indústria.
A Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia) informou, por meio de nota, que não monitora dados sobre a venda de produtos com validade próxima ao vencimento. Os maiores fabricantes não detalham o funcionamento desse mercado.
